Estado São Paulo
setembro
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Exposição individual do artista Maxwell Alexandre. Novo poder: passabilidade faz parte da série “Novo Poder” e trata-se da itinerância em São Paulo do primeiro Pavilhão de Maxwell Alexandre, que foi
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Exposição individual do artista Maxwell Alexandre. Novo poder: passabilidade faz parte da série “Novo Poder” e trata-se da itinerância em São Paulo do primeiro Pavilhão de Maxwell Alexandre, que foi no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro.
Uma vez que o artista tem uma agenda de exposições majoritariamente internacional, o Pavilhão Maxwell Alexandre foi anunciado para expandir no Brasil, a discussão do que estava sendo mostrado em galerias e museus fora do país. A intenção é gerar diálogo e dar acesso a uma audiência local à obra do artista e seu desenvolvimento a longo prazo: passabilidade. A caminhada segura e tranquila pelo cubo branco. Este é o conceito de passabilidade nos termos de Maxwell Alexandre.
Tratada pela primeira vez dentro da série Novo Poder na Espanha, passabilidade ganha desenvolvimento e chega com uma abordagem mais aguda ao Pavilhão, através de uma instalação ambiciosa com mais de 50 retratos, todos pintados a óleo sobre papel pardo.
Firmes e conscientes desses espaços – museus e galerias – que outrora eram hostis a pessoas melanizadas, os personagens caminham elegantes, como se estivessem desfilando numa passarela. Em Novo poder: passabilidade, o artista faz esse cruzamento entre moda e arte contemporânea, denotando os dois campos como plataformas de empoderamento, que oferecem dignidade e autoestima para o indivíduo.
Serviço
Exposição | Novo Poder: passabilidade
De 19 de abril a 29 de setembro
Terça a Sexta – Das 10h às 21h30, sábado – Das 10h às 19h30 e domingo – Das 10h às 18h30
Período
19 de abril de 2024 10:00 - 29 de setembro de 2024 19:30(GMT-03:00)
Local
Sesc Avenida Paulista
Av. Paulista, 119 - Bela Vista, São Paulo - SP
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Entre 25 de abril e 1º de dezembro de 2024, “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do segundo andar do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde
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Entre 25 de abril e 1º de dezembro de 2024, “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do segundo andar do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde o muro da entrada como uma mostra de arte que parte do romance histórico homônimo de Ana Maria Gonçalves. Em seu livro, a autora reconta a saga de Kehinde, africana escravizada confrontada com a necessidade de reconstrução em terras brasileiras e a incessante luta por liberdade fazendo uso da comida, da arte, do afeto, da busca pela família, acolhimento e de sua fé nos encantados.
Os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do MAR (Museu de Arte do Rio), fizeram o convite a Ana Maria para uma construção curatorial conjunta a repensar a trajetória do livro de forma imagética: da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana nasceu esse encontro a partir de produções de 131 artistas – entre 77 vivos e 37 já falecidos, além de 17 convidados a produzir novas obras para a mostra, com nomes como Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê e Goya Lopes.
Assim, tal exposição se pretende um profundo mergulho pelas quase mil páginas do texto de “Um Defeito de Cor” e toma seus dez capítulos como metodologia de divisão de núcleos temáticos em uma estrutura circular de fruição que transborda as questões da ancestralidade nas visualidades da mostra e proposta expográfica. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente.
Nos meses em que esteve em cartaz no Rio de Janeiro, a mostra foi bem recebida pelo público, com visitação expressiva, deixando clara sua potência. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Serviço
Exposição | Um Defeito de Cor
De 25 de abril a 01 de dezembro
Terça a sábado das 10h30 às 21h | domingos e feriados das 10h30 às 18h
Período
25 de abril de 2024 10:30 - 1 de dezembro de 2024 21:00(GMT-03:00)
Local
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo - SP
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O SESI São José dos Campos apresenta a exposição J. Borges – O Mestre da Xilogravura, até o dia 30 de setembro, com visitação gratuita. O imaginário popular do Nordeste está presente
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O SESI São José dos Campos apresenta a exposição J. Borges – O Mestre da Xilogravura, até o dia 30 de setembro, com visitação gratuita. O imaginário popular do Nordeste está presente em símbolos e figuras talhadas pelo artista, que completa 88 anos em dezembro.
Com curadoria de Ângelo Filizola, a exposição traz uma coletânea de 44 xilogravuras, sendo oito delas até então inéditas (com suas respectivas matrizes), junto às 28 obras mais importantes da carreira de J. Borges. Os temas retratados simbolizam a trajetória de vida do artista, considerado pelo dramaturgo Ariano Suassuna como o “melhor gravador popular do Brasil”.
Os visitantes podem apreciar obras de diversas fases de sua história, identificadas pelos temas: Viagem a Trabalho e Negócios, Serviços do Campo, Plantio de Algodão, Forró Nordestino, Plantio de Cana, Feira de Caruaru, Carnaval em Pernambuco e Festa dos Apaixonados. A poesia popular também tem lugar na exposição: um espaço dedicado especialmente à literatura de cordel. Cordelista há mais de 50 anos, os versos de J. Borges tratam do cotidiano do agreste, de acontecimentos políticos, de fatos lendários, de folclóricos e pitorescos da vida.
“Estou muito felizl com essa exposição sobre meu trabalho na xilogravura. E eu ainda quero viver bastante, e o que me inspira é a vida, é a continuação, é o movimento. Minha obra é aquilo que eu vejo, aquilo que eu sinto”, comenta J. Borges, que é patrimônio Vivo de Pernambuco, título concedido pelo Estado. Borges já expôs na França, Alemanha, Suíça, Itália, EUA, Venezuela e Cuba, deu aulas na França e nos EUA, ilustrou livros em vários países e foi destaque no The New York Times.
A exposição J. Borges – O Mestre da Xilogravura traz ainda duas obras assinadas por Pablo Borges e Bacaro Borges, filhos e aprendizes do artista, além da exibição de uma cinebiografia sobre vida e obra de Borges, assinada pelo jornalista Eduardo Homem.
J. Borges desenha direto na madeira, equilibrando cheios e vazios com maestria, sem a produção de esboços, estudos ou rascunhos. O título é o mote para criar o desenho, onde as narrativas próprias do cordel têm espaço na expressiva imagem da gravura. O fundo da matriz é talhado ao redor da figura que recebe aplicação de tinta, tendo como resultado um fundo branco e a imagem impressa em cor. As xilogravuras não apresentam uma preocupação rigorosa com perspectiva ou proporção.
A originalidade, irreverência e personagens imaginários são notáveis nas suas obras. Os temas mais recorrentes em seu repertório são o cotidiano da vida simples do campo, o cangaço, o amor, os castigos do céu, os mistérios, os milagres, crimes e corrupção, os folguedos, a religiosidade, a picardia, enfim todo o rico universo cultural do povo nordestino.
A Gerente de Cultura do Sesi-SP, Debora Viana, reforça a importância desta exposição integrar o circuito das mostras itinerantes nos Espaços Galerias. “Com a iniciativa, que começou em Campinas, reforçamos o compromisso que a instituição possui de fomentar o cenário cultural e artístico por meio do acesso do público a obras, ao processo criativo de artistas nacionais e internacionais, à reflexão e à experimentação. Para o Sesi-SP, é de extrema importância a formação de novos públicos em artes, a difusão e o acesso à cultura de forma gratuita. É por isso que desenvolvemos e realizamos projetos das mais diversas áreas e convidamos o público a entrar de cabeça no universo do conhecimento e da arte”.
Com produção e idealização da Cactus Promoções e Produções, a exposição J. Borges – O Mestre da Xilogravura já foi apresentada no Centro Cultural FIESP e nas unidades do SESI em Campinas, São José do Rio Preto e Itapetininga.
Serviço
Exposição | J. Borges – O Mestre da Xilogravura
De 26 de abril a 30 de setembro
Quarta a domingo, das 10h às 20h
Período
26 de abril de 2024 10:00 - 30 de setembro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
SESI São José dos Campos
Av. Cidade Jardim, 4389 - Bosque dos Eucaliptos. São José dos Campos - SP
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A exposição fotográfica inédita “Cartunistas” reúne os maiores cartunistas do Brasil retratados por Paulo Vitale e com curadoria de Eder Chiodetto. A mostra, que foi aberta ao público no dia
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A exposição fotográfica inédita “Cartunistas” reúne os maiores cartunistas do Brasil retratados por Paulo Vitale e com curadoria de Eder Chiodetto. A mostra, que foi aberta ao público no dia 26 de abril, será realizada até 29 de setembro de 2024, de quarta a sexta-feira, das 14h às 19h; sábado e domingo, das 10h às 19h, com visitação gratuita.
A exposição é um projeto composto por retratos de 120 desenhistas da área do humor gráfico, retratados pelo fotógrafo Paulo Vitale em que cada foto pode ser considerada um cartum, refletindo características e estilo dos retratados. Só assim para traduzir em retratos o humor que esses desenhistas produzem no cérebro das pessoas com temas políticos, sociais e sobre a própria existência humana. Dentre os retratados, estão Mauricio de Sousa; Ziraldo; Paulo Caruso; Jaguar; Angeli; Laerte; entre outros.
Ao olhar o ensaio como um todo, a curadoria de Eder Chiodetto adotou o caminho de equacionar o espaço expositivo proposto para que ele pudesse receber a totalidade dos retratos realizados pelo fotógrafo. Como a grande maioria dos (as) cartunistas olhava diretamente para a lente do fotógrafo, agora na exposição o fotógrafo desaparece e cada retratado estará olhando nos olhos de cada espectador, criando uma conexão mais enfática entre público e cartunistas.
Paulo Vitale é fotógrafo, diretor de cena e autor. Cursou História, na Universidade de São Paulo (USP) e fotografia no International Center of Photography, de Nova York. Percorreu mais de 50 países fazendo trabalhos editoriais, publicitários e autorais. Tem mais de 100 capas publicadas nas principais revistas brasileiras. Foi fotógrafo e editor de fotografia do Jornal O Estado de S. Paulo. Editor de fotografia das revistas VEJA e ÉPOCA, e correspondente da Agência Estado, em Nova York. Paulo, e já retratou grandes personalidades, como Nelson Mandela, Oscar Niemeyer, Caetano Veloso, Mark Zuckerberg e Pelé.
Eder Chiodetto é curador de fotografia independente, autor, publisher da editora de fotolivros Fotô Editorial e diretor do centro de estudos Ateliê Fotô. Foi curador de fotografia do MAM-SP, entre 2005 e 2021, e mentor do programa Arte na Fotografia, no canal Arte1. Como curador já realizou mais de 120 exposições no Brasil, Europa, EUA e Japão.
A exposição ‘Cartunistas’ faz parte do projeto Espaço Galeria SESI-SP, no qual o foyer do teatro se transforma em plataforma expositiva, recebendo exposições de diferentes técnicas e formatos. Criada em 2013, a iniciativa oferece exposições de artes visuais especialmente desenvolvidas para os centros de atividades do SESI-SP, propiciando a circulação de obras originais com embasamento curatorial e expografias específicas.
Serviço
Exposição | Cartunistas
De 26 de abril a 29 de setembro
Quarta a sexta-feira, das 14h às 19h; sábado e domingo, das 10h às 19h
Período
26 de abril de 2024 14:00 - 29 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
SESI Sorocaba
Rua Gustavo Teixeira, 369, Vila Independência - Sorocaba - SP
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Com curadoria do crítico e curador Adolfo Montejo Navas, a mostra Ars Sonora apresenta ao público uma faceta menos conhecida do multi-instrumentista Hermeto Pascoal – sua produção como
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Com curadoria do crítico e curador Adolfo Montejo Navas, a mostra Ars Sonora apresenta ao público uma faceta menos conhecida do multi-instrumentista Hermeto Pascoal – sua produção como artista visual. Em 2019, uma primeira montagem da exposição integra a 14ª Bienal de Curitiba e, agora, chega a São Paulo ampliada e em voo solo.
Músico autodidata em atividade desde a década de 1940, Hermeto Pascoal grava o seu primeiro disco, “Hermeto”, nos Estados Unidos, em 1971. Um ano antes emplaca duas composições suas no icônico “Live-Evil”, gravado ao vivo com Miles Davis. Em 1979 se apresenta no Festival de Jazz de Montreaux, na Suíça. Em sua longeva trajetória recebeu o Grammy Latino em 2019, na categoria “Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa”. E em maio do ano passado foi nomeado doutor honorário da Juilliard School, de Nova York (EUA) – o título foi entregue pelo trompetista Wynton Marsalis.
Em Ars Sonora – Hermeto Pascoal, o público pode conhecer sua criação no território das artes visuais. Pioneira, a mostra abrange diferentes linguagens, como desenhos, pinturas, objetos e proto-instrumentos musicais. A produção ultrapassa fronteiras disciplinares e, de modo ampliado, estabelece relações com a performance e as artes visuais.
A proposta da exposição Ars Sonora – Hermeto Pascoal é reconhecer sua produção para além dos já difundidos conceitos de Música Livre e Música Universal. Neles, o artista afirma a quebra das barreiras culturais, ultrapassando linguagens e suportes estabelecidos pela tradição. Nesse sentido, a mostra reúne objetos feitos dos mais diferentes materiais, deslocados do seu uso cotidiano e reconfigurados em seu sentido visual. Panos de prato, chaleiras, caixas de presente, sacolas, brinquedos, roupas e toalhas de mesa servem à ampliação musical transpostas para a apreciação visual, dando forma a um vasto arquivo sensorial e sonoro.
Articulando sons e ruídos a partir da musicalidade coletada de animais e de objetos do dia a dia, o artista transforma usos e funções, construindo assim o seu alfabeto sonoro e visual próprio até chegar no glossário da sua linguagem, a “Hermetologia”.
“A obra ímpar e caleidoscópica de Hermeto Pascoal deve ser reconhecida de forma mais ampla, muito além das coordenadas estritamente musicais nas quais é mal confinada a maioria das vezes”, afirma o curador. “A compreensão da obra de Hermeto Pascoal também como música visual se baseia na consideração porosa de sua obra, uma arte sonora que ultrapassa seus eixos musicais para desenvolver uma potência sinergética de escritura musical e visual ao mesmo tempo, de visualidade sonora e gestual, que contamina todo tipo de instrumentos-objetos-suportes como novos espaços-registros de representação sonora (experimentações diversas com a natureza, a animália, a voz das pessoas, as performances corporais, os desenhos, os objetos-partituras, os álbuns sonoros, visuais, as trilhas imagéticas…). Tudo isso corresponde com uma terminologia afim à poesia visual, à pangrafia, e ao mesmo tempo ao happening, à performance, a outro olhar-ver-fazer que é simultâneo às percepções, à interação som/imagem, gesto/pensamento”, completa Navas.
O que encontrar em Ars Sonora – Hermeto Pascoal
Reunindo nove diferentes vertentes de sua criação, a mostra está configurada em um conjunto de núcleos em torno da poética artística elaborada por Hermeto Pascoal. Numa combinação relacional e interconectada, tem como ponto de partida a “Música da Aura”, na qual mostra experiências sonoras realizadas com o som da voz das pessoas e a sua natureza tonal.
A seguir vêm as partituras-expansivas, os poemas-objetos e as obras em papel. É nesta seção que estão elementos retirados de seu fabrico industrial serializado e ora refeitos em música própria e pessoal, a partir das notações musicais sobrescritas, como se as partituras brotassem dos objetos.
“Cosmossonia”, a seguir, traz como ponto de partida o som e trata-se, portanto, de uma ampla conversão de todo objeto e utensílio em instrumento musical. Na sequência, “Obras-Arquivo” apresenta o Calendário do Som, obra em que Hermeto Pascoal compôs, de 1996 a 1997, uma música para cada dia do ano. Publicada em livro em 2000, foi interpretado por diferentes artistas, como a “Orquestra Família de Itiberê Zwarg” e o músico João Pedro. Ao lado das partituras estão os desenhos de Hermeto Pascoal para a obra, além de anotações e comentários do autor.
As “Pinturas Caligráficas” reúnem partituras feitas em guardanapos, convites, papeis de toda sorte, toalha de mesa, brinquedos, jogos americanos, cardápios de restaurantes e até em papel higiênico ou tampa de privada. Roupas e as paredes de locais públicos também servem de suportes às partituras. Na exposição, estão acompanhadas dos “Desenhos e Pinturas” do artista. Feitos com técnica mista, lápis de cor e caneta hidrográfica, são obras que apresentam numerosos elementos de cor e figurações livres em correspondência entre si.
O segmento “Brincando de Corpo e Alma”, uma ação performática de 2012, exibe registro audiovisual de captações sonoro-visual do artista produzindo diferentes sons no próprio corpo. É exibido ao lado de outra produção em áudio e vídeo, a peça “Ato de Criação”, trilha-sonora de Hermeto Pascoal para o curta-metragem “Eu Vi o Mundo, e Ele Começava no Recife”, de Mário Carneiro, dedicado ao artista Cícero Dias. Por fim, “Animália” é uma instalação sonora na qual diferentes formas de vida e de viver são celebradas em sua sonoridade, tendo o registro do som de bichos reunidos como parceiros artísticos de Hermeto Pascoal.
Para completar a exposição há a “Hermetologia”, glossário no qual se compila uma coleção de verbetes e citações sobre os mais diversos assuntos, com reflexões do próprio artista sobre música, som, arte, cultura, matéria e espírito.
Serviço
Exposição | Ars Sonora
De 29 de maio a 03 de novembro
Terça a sexta, das 9h às 20h, sábado, das 10h às 20h, domingo e feriado, das 10h às 18h
Período
29 de maio de 2024 09:00 - 3 de novembro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185 – Bom Retiro – São Paulo - SP
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Bancos, cadeiras, sofás, caixas, cômodas, escrivaninhas, guarda-roupas, redes, esteiras e camas. Todos esses itens fazem parte do nosso dia a dia e revelam como praticamos três ações humanas básicas: sentar,
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Bancos, cadeiras, sofás, caixas, cômodas, escrivaninhas, guarda-roupas, redes, esteiras e camas. Todos esses itens fazem parte do nosso dia a dia e revelam como praticamos três ações humanas básicas: sentar, guardar e dormir.
Com foco nessas três ações humanas e nos móveis adotados em diferentes épocas para realizá-las, o Museu do Ipiranga apresenta a exposição “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo”. A mostra exibe móveis produzidos entre os séculos 16 e 21, com as peças criadas de acordo com as demandas sociais de cada período.
As 159 peças escolhidas estabelecem um diálogo entre os acervos do Museu da Casa Brasileira , com 113 móveis, e do Museu Paulista, com 46 peças, expondo a complementaridade dos acervos das duas instituições estaduais paulistas. Os itens evidenciam a diversidade cultural e social brasileiras, abordando as heranças indígena, portuguesa e afro-brasileira, além daquelas ligadas às diversas imigrações e migrações que marcaram nossa sociedade.
A curadoria é dos docentes do Museu Paulista, Maria Aparecida de Menezes Borrego e Paulo César Garcez Marins, e do convidado Giancarlo Latorraca, arquiteto e ex-diretor técnico do Museu da Casa Brasileira. Também colaboraram na curadoria os assistentes Rogério Ricciluca Matiello Félix e Wilton Guerra.
A exposição está instalada no salão de exposições temporárias, um espaço moderno, acessível e climatizado, com 850m2, localizado no piso jardim, o novo pavimento do Museu do Ipiranga. Os ingressos para a mostra são gratuitos.
Serviço
Exposição | Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo
De 11 de junho a 29 de setembro
Terça a domingo, das 10h às 17h
Período
11 de junho de 2024 11:00 - 29 de setembro de 2024 17:00(GMT-03:00)
Local
Museu do Ipiranga
R. dos Patriotas, 100 - IpirangaSão Paulo - SP
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Trazendo destaque para a moda de rua do Japão, a Japan House São Paulo traz a exposição “Sutorīto Fashion: moda das ruas“, que apresenta as tendências de moda desde a década
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Trazendo destaque para a moda de rua do Japão, a Japan House São Paulo traz a exposição “Sutorīto Fashion: moda das ruas“, que apresenta as tendências de moda desde a década de 1950 até os dias atuais por meio de mais de 100 registros fotográficos. Com entrada gratuita, a mostra acontece de 25 de junho a 20 de outubro, no térreo da instituição. Assim como “Efeito Japão: moda em 15 atos” (em cartaz no segundo andar até 1° de setembro), a exposição “Sutorīto Fashion: moda das ruas” é coordenada pelo diretor de moda Souta Yamaguchi.
A seleção de fotografias analisa por década as mudanças da moda de rua no Japão dos anos 1950 aos anos 2020, abordando diversas tendências internacionais, cinema e música, assim como a contracultura japonesa que surgiu em resposta às mudanças culturais, sociais, políticas e econômicas dessas épocas.
“Essa exposição faz parte do ciclo de moda que iniciamos em maio deste ano e tem como foco o cotidiano japonês e como as recentes mudanças culturais e sociais afetaram a moda de rua dos jovens. Será uma oportunidade única para entender como cada período foi traduzido, adaptado e refletido nos looks cotidianos, gerando uma identidade muito particular, criativa e inovadora.”, comenta a Diretora Cultural da JHSP, Natasha Barzaghi Geenen.
A passagem histórica da exposição tem início na década de 1950, em um contexto pós-guerra. Nesse período de recuperação e reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, referências internacionais da alta costura e o cinema japonês servem como inspiração, além de estilos como o rockabilly. Foi um período de aumento no consumo de roupas com a difusão de peças prêt-à-porter e o avanço na qualidade de fibras sintéticas. Na década de 1960, o ambiente doméstico japonês se modernizou e a influência de tendências internacionais na moda jovem, como o uso da minissaia e de calças pantalonas tornou-se popular no Japão. Nos anos 70, os primeiros estilistas japoneses despontam nas passarelas internacionais, ao mesmo tempo em que os movimentos de contracultura no Japão são acompanhados pelo mais conservador “nyuutora” (abreviação japonesa do termo em inglês New Traditional) adotado por estudantes, com saias até os joelhos.
A década de 1980, o momento de aumento do poder econômico permitiu um gasto maior de jovens e adultos em itens da moda, inclusive artigos de luxo. Foi o auge da popularidade das DC Brands (abreviação de Designer’s & Character’s), nome dado às marcas fundadas por designers renomados. As revistas de moda e lifestyle também eram essenciais em ditar tendências vistas nas ruas e o estilo “shibuya casual“, baseado no “amekaji” (abreviação japonesa do termo em inglês American Casual) tornou-se popular especialmente entre os estudantes. Já nos anos 90, surgiram várias culturas, subdividindo os estilos. A moda que mais impactou as gerações posteriores foi a “ura-harajuku” (estilo que surgiu quando lojas de designers famosos foram abertas no bairro de Harajuku), onde as marcas que herdaram o contexto da cultura de rua, como skatistas e DJs, criaram um grande movimento. Por outro lado, no bairro de Shibuya, que continuava sendo o centro da cultura jovem, surgiram as “kogal”, que desencadeou uma tendência da moda baseada na combinação de saias de uniforme escolar com bainhas curtas e meias até a altura da panturrilha, criando uma cultura singular que deu início ao boom das “colegiais”.
A década de 2000 é marcada pelo surgimento de várias redes de fast fashion internacionais no Japão. Os estilos ficaram mais globalizados em conjunto com a popularização da internet. Nos anos 2010, impactados pelo Grande Terremoto do Leste do Japão de 2011, jovens japoneses passaram a buscar um estilo mais simples e sustentável, fazendo com que a moda contemporânea priorizasse o conforto e um caimento solto das roupas.
Em complemento à evolução década a década, a exposição apresenta também uma coletânea de 25 fotos retiradas da Revista FRUiTS, uma das plataformas mais influentes de documentação acerca do streetstyle japonês entre os anos 1997 e 2017, quando teve sua última publicação. A revista foi responsável por registrar como os jovens, que resistiam aos padrões de estilo da época, se vestiam na região de Harajuku, no distrito de Shibuya, em Tóquio, local que viria a ser conhecido como um dos principais centros de cultura jovem do país, marcando toda uma geração. Até hoje, a criatividade e a espontaneidade desse movimento inspiram designers e amantes da moda do mundo todo.
De forma a estender a experiência do público para além da exposição, a JHSP promoverá atividades paralelas durante todo o período expositivo, como visitas mediadas, seminários, workshops e bate-papos com especialistas. Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição “Sutorīto Fashion: moda das ruas” ainda conta com recursos de audiodescrição e vídeo libras. Esta exposição é realizada em cooperação com a “ACROSS” by PARCO CO., LTD. – mídia que pesquisa a cultura jovem e a moda de Tóquio – e a Revista FRUiTS, publicação que documentou a moda de rua japonesa.
Exposição | Sutorīto Fashion: moda das ruas
De 25 de junho a 20 de outubro
Terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h
Período
25 de junho de 2024 10:00 - 20 de outubro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Japan House São Paulo
Avenida Paulista, 52 – Bela Vista, São Paulo - SP
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A partir de 26 de junho será possível conhecer o pensamento da antropóloga, historiadora e filósofa brasileira Lélia Gonzalez (1935 – 1994). O Sesc São Paulo, em parceria com a
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A partir de 26 de junho será possível conhecer o pensamento da antropóloga, historiadora e filósofa brasileira Lélia Gonzalez (1935 – 1994). O Sesc São Paulo, em parceria com a Boitempo, inaugura o projeto Lélia em nós: festas populares e amefricanidade, na unidade Vila Mariana. A exposição, que fica em cartaz até 24 de novembro de 2024, foi inspirada pelo livro Festas populares no Brasil (que ganha nova edição pela Boitempo) e promove uma celebração da cultura afro-brasileira – ou amefricana, como propõe a autora – a partir de um recorte que estabelece diálogos e reflexões suscitados pela produção intelectual de Gonzalez, uma proeminente ativista do movimento negro brasileiro e importante teórica do feminismo negro, cuja morte completará 30 anos em 10 de julho de 2024.
Com uma seleção de produções contemporâneas e de diferentes períodos, reunida em cinco eixos temáticos, Lélia em nós: festas populares e amefricanidade apresenta pinturas, fotografias, documentos históricos, objetos, performances, instalações e vídeos de artistas como Alberto Pitta, Heitor dos Prazeres, Januário Garcia, Maria Auxiliadora, Nelson Sargento, e Walter Firmo, além de 12 trabalhos inéditos, de artistas como Coletivo Lentes Malungas, Eneida Sanches, Lidia Lisboa, Lita Cerqueira, Manuela Navas, Maurício Pazz, Rafael Galante e Rainha Favelada.
A mostra também apresenta um recorte de sonoridades e musicalidades, tanto do universo das festas e festejos brasileiros quanto das intervenções do DJ Machintown e do trombonista Allan Abbadia, além de registros fonográficos da discoteca pessoal de Lélia. Parte do acervo do Instituto Memorial Lélia Gonzalez (IMELG), a coleção reúne álbuns de artistas como Wilson Moreira e Nei Lopes, Luiz Gonzaga, Tamba Trio, Clementina de Jesus, Jamelão e Lazzo Matumbi
Partindo de conceitos teóricos desenvolvidos por Lélia Gonzalez, como a categoria político-cultural de amefricanidade – termo cunhado pela acadêmica em contraposição à ideia hegemônica de afro-americanidade para, segundo ela, “ultrapassar as limitações de caráter territorial, linguístico e ideológico” e redimensionar a influência da diáspora atlântica para a formação das Américas do Sul, Central, do Norte e Insular –, a mostra convida o público à compreensão do potencial da cultura popular afro-brasileira como tecnologia de identidade e resistência.
Com curadoria de Glaucea Britto e Raquel Barreto, a exposição foi inspirada pelas proposições feitas por Lélia Gonzalez em Festas populares no Brasil. Único título publicado em vida pela intelectual exclusivamente como autora, o livro foi publicado originalmente em 1987. A obra não foi oficialmente lançada no mercado, tendo sido patrocinada por uma empresa multinacional e distribuída como presente de fim de ano. No mês de abertura da exposição, a publicação ganhará nova edição da Boitempo, a primeira voltada à circulação no mercado editorial. Com textos da acadêmica que evidenciam laços indissociáveis entre Brasil e África por meio de manifestações populares como o Carnaval, o Bumba-Meu-Boi, as Cavalhadas e festas afro-brasileiras como as Congadas e o Maracatu, a obra reúne mais de cem imagens de cinco fotógrafos: Leila Jinkings, Marcel Gautherot, Maureen Bisilliat, Januário Garcia e Walter Firmo (os dois últimos, integrando a exposição). A nova edição inclui também materiais inéditos, textos de apoio, fac-símiles, prólogo de Leci Brandão, prefácio de Raquel Marreto, posfácio de Leda Maria Martins, texto de orelha de Sueli Carneiro e quarta capa de Angela Davis e Zezé Motta.
Serviço
Exposição | Lélia em nós: festas populares e amefricanidade
De 27 de junho a 24 de novembro
Terça a sexta, das 10h às 21h; aos sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h
Período
27 de junho de 2024 10:00 - 24 de novembro de 2024 21:00(GMT-03:00)
Local
Sesc Vila Mariana
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana – São Paulo - SP
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É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. A partir de 5 de julho, o público
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É impossível refletir sobre a obra da artista e intelectual Lia D Castro (Martinópolis, São Paulo, 1978) sem falar de encontros, contrastes, fricções e transformações. A partir de 5 de julho, o público pode encontrar a exposição Lia D Castro: em todo e nenhum lugar, no MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. A primeira mostra individual da artista em um museu reúne 36 trabalhos, sendo a maioria pinturas de caráter figurativo. As obras selecionadas exploram cenários onde o afeto, o diálogo e a imaginação se tornam importantes ferramentas de transformação social.
O título da exposição parte da constatação da ausência histórica de grupos minorizados em posições de poder e decisão — em nenhum lugar —, enquanto sua presença e força de trabalho compõem as bases que sustentam a sociedade — em todo lugar. Com curadoria de Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Glaucea Helena de Britto, curadora assistente, MASP, a mostra apresenta trabalhos que abrangem toda a produção da artista.
Lia D Castro utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nessas ocasiões e resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas de modo colaborativo.
Nesses momentos, ela conversa com esses homens e os convida a refletir: quando você se percebeu branco? E quando se descobriu cisgênero, heterossexual? “Perguntas sobre as quais a artista não busca uma resposta definitiva, mas sim provocar um posicionamento dentro do debate racial, sobre gênero e sexualidade”, afirma a curadora Isabella Rjeille.
As conversas de Lia D Castro com esses homens são permeadas por referências a importantes intelectuais negros como Frantz Fanon, Toni Morrison, Conceição Evaristo e bell hooks. Frases retiradas dos livros desses autores, lidos pela artista na companhia de seus colaboradores, são inseridas nas telas e misturam-se aos gestos, cenas, cores e personagens. O trabalho de Lia D Castro torna-se um lugar de encontro, embate e fricção, no qual ações, imagens e imaginários são debatidos, revistos e transformados. Com frequência, a artista insere referências a outros trabalhos por ela realizados, incluindo-os em outro contexto e, consequentemente, atribuindo novos significados e leituras a essas imagens.
“Partindo da visão de Frantz Fanon de que o racismo é uma repetição, eu proponho combatê-lo com a repetição de imagens. Como a imagem constrói cultura e memória, ao colocar uma obra dentro da outra, busco criar novas referências estéticas”, comenta a artista.
PINTURAS E METODOLOGIA ARTÍSTICA
A produção de Lia D Castro é organizada em séries, sendo a maior delas Axs Nossxs Filhxs, presente nesta exposição. Desenvolvida na sala de estar e ateliê de Lia D Castro, um lugar de encontro e trocas, comerciais, intelectuais e afetivas, a série apresenta um processo criativo marcado por escolhas coletivas, da paleta de cores à assinatura das obras. A repetição é uma característica central: por meio desse recurso é possível reconhecer gestos, personagens e situações, assim como outras obras da artista que aparecem representadas nas telas, acumulando significados. A utilização do “x” no título da série se refere à diversidade de formações familiares e vínculos afetivos para além do parentesco consanguíneo ou da família heterossexual monogâmica. O uso do “x” também é utilizado para abarcar diferentes gêneros.
Lia D Castro também se retrata em pinturas dessa série. Enquanto os homens estão nus, ela encontra-se vestida. Seu corpo é coberto por esparadrapos colados sobre a tela formando um longo vestido branco, na contramão da tradição histórica da pintura ocidental, em que a grande maioria dos nus são femininos.
A artista subverte também pintando esses personagens em momentos de pausa, descanso, lazer, leitura e contemplação. “O caráter político da obra de Lia D Castro questiona o imaginário social que vincula violência e subalternidade a corpos não hegemônicos na arte ocidental”, afirma a co-curadora Glaucea Helena de Britto.
Lia D Castro: em todo e nenhum lugar integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, Mário de Andrade, MASP Renner, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.
Exposição | Lia D Castro: em todo e nenhum lugar
De 5 de julho a 17 de novembro
Terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis; terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h)
Período
5 de julho de 2024 10:00 - 17 de novembro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
MASP
Avenida Paulista, 1578, São Paulo
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Através da iniciativa DAN Acredita, artistas com produção consistente e que se dedicam exclusivamente às artes visuais, são incorporados, ganham visibilidade e passam a ser representados pela Dan. Nesta jornada,
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Através da iniciativa DAN Acredita, artistas com produção consistente e que se dedicam exclusivamente às artes visuais, são incorporados, ganham visibilidade e passam a ser representados pela Dan. Nesta jornada, Senk é um artista em ascensão, escolhido via projeto “Do Atelier Direto a Você” do Parque Global Cultural, idealizado por Dinda Bueno Netto e Katia D’Avillez.
“Veredas” tem curadoria de Carolina Splendore e reflete a natureza diversificada e dinâmica da arte contemporânea brasileira. Com cerca de 20 obras, entre pinturas, instalações e três esculturas, a exposição abre no dia 6 de julho, às 11 horas, com cerimônia especial e prolonga-se até 6 de outubro. Ao longo da mostra, visitas guiadas, palestras com artistas e oficinas para os visitantes interagirem com as obras de arte e com o processo criativo do artista. De acordo com Splendore – “Nas obras de Senk, o terreno é fértil, mesmo que árido. Ele nos convida para seus caminhos: áreas úmidas e alongadas do sertão que, assim como seus personagens, são cheias de vida. Suas figuras arredondadas carregam o tempo, seja nos colares-relicário, nos porta-retratos ou nas garrafas de cachaça quase vazias; o tempo é um traço de memória e um precursor de um devir constante”.
As vistas oblíquas, por vezes fechadas para o exterior, são, na sua maioria, intercaladas por janelas com treliças de finas barras de madeira que formam vãos, impedindo quem está de fora de ver quem está dentro. É como se seus personagens pudessem ver sem serem vistos, mesmo que aqui exibidos. Nesses caminhos, Senk esclarece o que escreveu Guimarães Rosa: “O sertão tem o tamanho do mundo. Mas em certos lugares, à beira dos caminhos, crescem buritis”.
Fabiano Senk (n.1992) é um pintor figurativo urbano radicado em São Paulo. Utiliza paleta de cores sonhadoras de azuis, amarelos e rosas, cria obras de rua e pinturas em tela. Seu processo criativo está profundamente enraizado nas suas observações da vida cotidiana e suas memórias afetivas de um Brasil profundo, sua família é oriunda do Vale do Jequitinhonha. As pinturas muitas vezes irrompem em paisagens misturadas com figuras, contando a história de onde veio, das pessoas que conheceu e da pessoa que costumava ser. Embora se aprofunde em emoções mais complexas em seu trabalho, ele afirma que muitas vezes incorpora o sentimento de melancolia, mas que ‘é diferente da tristeza porque é mais bonito’. As obras que divulga pelas ruas de São Paulo tendem a ter conotações políticas, pois tenta ampliar as perspectivas das pessoas de sua comunidade. Os murais de rua muitas vezes se relacionam com uma crítica política e social.
“A provocação presente na minha arte vem de uma indignação com alguns aspectos da sociedade. Temos muito a melhorar como cidade, como sociedade e como país. Pequenas provocações fazem um papel positivo na arte. O questionamento tem que estar ali”, afirma Senk.
Serviço
Exposição | Veredas
De 06 de julho a 06 de outubro
Quinta a domingo das 14h às 19h
Período
6 de julho de 2024 14:00 - 6 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
DAN Galeria Sala São Pedro
Rua Doutor Graciano Geribello, nº 8 - Bairro Alto, Itu - SP
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O silêncio é o personagem mais presente nas fotografias que Roberto Frankenberg apresenta no Museu Judaico de São Paulo a partir de 16 de julho. Produzidas entre 2012 e 2014, a série Rastros,
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O silêncio é o personagem mais presente nas fotografias que Roberto Frankenberg apresenta no Museu Judaico de São Paulo a partir de 16 de julho. Produzidas entre 2012 e 2014, a série Rastros, que dá título à exposição, é resultado de uma sequência de viagens que o artista fez para campos de concentração e arredores, resgatando traços do passado.
Seus avós, assim como uma grande parte da sua família, foram assassinados pelo regime nazista nos campos de extermínio na Polônia e nas florestas dos países bálticos. O pai, Louis Frankenberg, é um dos poucos sobreviventes e foi quem levou o filho para visitar os locais nos quais ele foi deportado durante a Segunda Guerra Mundial.
Segundo a curadora e diretora do Acervo e Memória do MUJ, Roberta Alexandr Sundfeld, o conjunto das fotografias “é um memorial vivo, construído pela arte que captura o indizível, e incita ao diálogo sobre a importância de nunca esquecer a história vivida”.
A partir da observação da natureza nas áreas onde antes funcionavam os complexos, o artista fotografa pequenos fragmentos do que restou daquela época – um arame farpado, um trilho de trem – e pequenos vestígios que remetem às histórias e às vozes que fazem parte daquela terra.
“Tentei imaginar como poderia retratar meus avós, que nunca conheci. Encontrei-me nesta terra pisada por eles e por muitos outros. Andei pelos caminhos que eles poderiam ter percorrido, vi paisagens que eles poderiam ter visto. Usei a natureza como uma espécie de antena para captar o sujeito da fotografia que não está lá. A natureza é um veículo para chegar ao sujeito”, afirma Frankenberg.
Ao primeiro olhar, as obras, que fazem parte do acervo do MUJ, mostram a beleza das paisagens contemporâneas, as flores silvestres e ervas daninhas, com a natureza avançando sobre as estruturas abandonadas e arames farpados. As evidências visuais indiretas nas imagens, que remetem à ausência e à perda, são confirmadas pela objetividade das legendas que informam as localizações e os usos anteriores daquele espaço: os campos de Majdanek e Treblinka, na Polônia, as florestas de Bikernieki e Rumbula, na Letônia, a floresta de Ponary e o Nono Forte, na Lituânia.
Serviço
Exposição | Rastros
De 16 de julho a 22 de setembro
Terça a domingo, das 10 horas às 18 horas (última entrada às 17h). Excepcionalmente nas quintas-feiras, o horário é das 12h às 21h (última entrada às 20h).
Período
16 de julho de 2024 10:00 - 22 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Museu Judaico de São Paulo
Rua Martinho Prado, 128, Centro São Paulo - SP
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O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugura no dia 19 de julho (sexta-feira), a exposição inédita IURI SARMENTO – Suíte Barroca, destacando a trajetória
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O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugura no dia 19 de julho (sexta-feira), a exposição inédita IURI SARMENTO – Suíte Barroca, destacando a trajetória do artista contemporâneo que revisita o barroco brasileiro, mesclando o erudito e o popular, o sacro e o profano, o kitsch e o clássico, a nostalgia e a ironia. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta 66 trabalhos realizados entre 1996 e 2024, incluindo pinturas e objetos.
A exposição é apresentada pelo Ministério da Cultura, Esfera e Santander Brasil, ocupa toda a galeria do 19º andar e fica em exibição até 03 de novembro (domingo).
Iuri Sarmento é um artista que resgata as heranças artísticas brasileiras por meio de um olhar dinâmico e atual. Suas obras, realizadas com riqueza de detalhes, combinam elementos como volutas, transparências, dourados, rendas, porcelanas e azulejos, transportando o visitante para um mundo pleno de memórias afetivas.
Em sua trajetória artística com mais de três décadas, Iuri Sarmento participou de exposições individuais e coletivas, em galerias e instituições nacionais e internacionais, recebendo em 2011 o prêmio Pipa on-line. Em São Paulo, esta será sua primeira grande mostra individual.
“É com alegria que o Farol Santander traz para o público a exposição IURI SARMENTO – Suíte Barroca, apresentando um artista brasileiro que resgata nossas heranças artísticas através de um olhar dinâmico e atual. A seleção de obras permite acompanhar as transformações no processo construtivo de Iuri Sarmento, evidenciando, ao mesmo tempo, a coerência que atravessa sua obra.”, comenta Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional do Santander Brasil.
Sem medo da beleza e do ornamento, Iuri fragmenta imagens para recodificá-las, e lá estão volutas, acantos, azulejos, grades, santos, anjos, dragões, assim como santinhos, bibelôs e personagens do sincretismo brasileiro. Flerta também com a moda e a história da pintura, introduzindo rendas, adamascados, vestidos, tecidos estampados, e obras emblemáticas de artistas plásticos. Inclusive, Iuri Sarmento já teve trabalhos exibidos na edição de 2016 do São Paulo Fashion Week.
A mostra reúne sessenta e seis obras em grupos de trabalhos do artista, como: conjunto de sutis e delicadas rendas; composições que incluem pratos antigos enfeixados pela reprodução de seus próprios detalhes florais; e o exercício de recomposição de azulejos e cacos de porcelanas. Além de telas, um dos conjuntos reúne 35 pinturas de pequenos formatos, compondo um denso e multicolorido painel que explicita a maestria do artista na percepção de detalhes. Estão também representadas às releituras de artistas como Di Cavalcanti e Debret, e entidades como Oxóssi, São Jorge e Cabocla Jurema.
Estabelecendo uma síntese e um ponto central para o qual converge a exposição, há uma vitrine na qual são apresentados os objetos do artista, peças confeccionadas com cacos de preciosas porcelanas e azulejos, que parecem partilhar o mundo fantástico do catalão Gaudí, com suas características misteriosas.
“Uma suíte musical é uma composição constituída por série de peças ou movimentos, geralmente unidos por um tema comum, estilo ou tonalidade. É uma definição perfeita para descrever a obra de Iuri Sarmento, cujas composições conectam diferentes elementos do universo barroco. Integrando técnicas do passado e do presente, ele processa e reprocessa, paciente e cuidadosamente essas representações eruditas que são parte da nossa história, dando a elas uma roupagem contemporânea e um contraponto popular.”, relata Denise Mattar, curadora.
Sarmento iniciou sua produção artística na década de 1990 e trouxe para esta mostra obras que abrangem todo seu processo criativo, incluindo também trabalhos recentes, como as telas e composições Cabocla Jurema (2023) e Oxóssi (2021). Entre trabalhos mais antigos destacam-se Sem Título (1996) e A Bola (2007).
Sobre Iuri Sarmento
Iuri Sarmento (Montes Claros, MG, 1969). Pintor e escultor. Nascido em Minas Gerais possui formação em Artes Plásticas pela Escola Guignard, Belo Horizonte, realizando sua primeira exposição individual em 1992. No mesmo ano, mudou-se para Salvador.
Em 2013, o artista radicou-se em São Paulo. Entre as exposições individuais do artista têm destaque: Sobre saudades e espelhos, curadoria Marcus Lontra (Museu de Arte Moderna da Bahia, 1999), Barroco Reinventado, curadoria Solange Farkas (Museu de Arte Moderna da Bahia, 2008), Pinturas (Celina Albuquerque Galeria, DF, 2000), Barroco Pop (Galerie Agnès Monplaisir, França, 2014), Pinturas (Laura Marsiaj Galeria, RJ, 2015), O Paraíso Resiste, curadoria Marcus Lontra (Galeria Luís Maluf, SP, 2019) e Pinturas (Galeria Murilo Castro, MG, 2022).
O artista participou de importantes mostras coletivas, entre elas seis edições do Salão MAM Bahia de Artes Plásticas, Pintura: repertórios alternativos do Rumos Itaú Cultural Artes Visuais (Belo Horizonte, Brasília, Penápolis e Curitiba, 1999), da mostra Cinco Artistas Contemporâneos no Centro Cultural Ramon Alonso Luzzy (Cartagena, Espanha, 2000), Salão da Bahia 1994-2002 (Fundação Joaquim Nabuco, PE, 2005), Novas aquisições, Coleção Gilberto Chateaubriand (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2014), Bienal de Curitiba (PR, 2016), Museu de Dona Lina, curadoria Daniel Rangel (Museu de Arte Moderna da Bahia, 2021). Em 2011 o artista foi o vencedor online do Prêmio Pipa.
Serviço
Exposição | Suíte Barroca
De 19 de julho a 03 de novembro
Terça a domingo, das 09h às 20h
Período
19 de julho de 2024 09:00 - 3 de novembro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
Farol Santander
Rua João Brícola, 24 – Centro, São Paulo - SP
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O circuito cultural da Av. Paulista, em São Paulo, volta a contar com um importante espaço de exposições. Fechada por um período de 18 meses para reformas estruturais e
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O circuito cultural da Av. Paulista, em São Paulo, volta a contar com um importante espaço de exposições. Fechada por um período de 18 meses para reformas estruturais e melhorias técnicas, a Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp será reinaugurada no final de julho de 2024.
O espaço expositivo de 850m2 – que integra o complexo de artes cênicas e visuais, audiovisual, música, literatura e tecnologia do SESI-SP – apresenta “outros navios: uma coleção afro-atlântica”, com período expositivo que vai de 24 de julho de 2024 a 16 de fevereiro de 2025. A mostra inédita permitirá que o grande público visitante do local conheça a rica e diversificada coleção de artes africana e afro-brasileira do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP).
O acervo começou a ser formado no final da década de 1960 (época em que os movimentos de independência das ex-colônias em África se consolidavam), por meio de doações ou compras encomendadas pela universidade. Marianno Carneiro da Cunha (1926-1980), então professor do MAE/USP, foi um dos principais nomes à frente do projeto institucional e científico da construção da coleção.
Arqueólogo especialista em Médio Oriente, ele lecionou entre 1974 e 1976 em Ifé, na Nigéria, lugar sagrado para os iorubá, ficando incumbido de adquirir peças para o MAE. Com olhar antropológico e educativo, Marianno se preocupou em também trazer para o Brasil moldes, mostrando interesse não apenas pelo objeto artístico, mas também pela técnica de diferentes culturas da África central e ocidental.
O trio de curadores da mostra, Carla Gibertoni Carneiro, Renato Araújo da Silva e Rosa C. R. Vieira, apontam que essas duas regiões africanas estão conectadas ao Brasil por séculos de circuitos transatlânticos. Eles trouxeram até nosso litoral inúmeros navios de violência, mas também trouxeram outros navios, que nos permitem mergulhar por histórias alternativas e criar novos significados para as centenas de objetos selecionados para a exposição.
OUTROS NAVIOS: NÚCLEOS TEMÁTICOS
Aberta à visitação gratuita até 16 de fevereiro de 2025, a exposição que reabre a Galeria de Arte apresentará mais de 300 peças africanas e afro-brasileiras, muitas nunca antes exibidas ao público, que estarão divididas em sete núcleos temáticos.
A visita começa por “Dentro das águas”, onde poderão ser vistos objetos relacionados ao culto de Iemanjá e Oxum, orixás dos mares e das águas doces, como coroa, pulseira, leque (abebê) e espelho.
Em “Bagagens afro-atlânticas” também estão diversas peças ligadas a religiões de matrizes africanas: arco e flecha de Oxóssi, estatuetas de Exu, bastão (opaxoro) de Oxalá, machado (oxê) de Xangô, além de elementos de altar e instrumentos musicais.
No núcleo “De São Paulo a Ifé”, os visitantes encontrarão obras variadas dos iorubá, vindos especialmente da Nigéria e Benim. Há itens do dia a dia, como baú, pilão, enxada e colher, além de um conjunto de máscaras esculpidas em madeira e pintadas e pares de estatuetas de ibeji, que estão ligadas à gemealidade entre os povos iorubá.
O termo “bantu” designa genericamente toda uma gama de culturas da África Central, de países como República Democrática do Congo e Angola. Eles estarão representados no núcleo “Bantu, das terras centrais”, que traz peças como esteiras de ráfia (palha) em diferentes formatos, taças cerimoniais e um recipiente para leite com tampa decorado com conchas (cauris).
Em “Ventos no oeste africano” estão reunidos objetos de países como Gana, Mali e Costa do Marfim, incluindo um dos maiores itens da exposição, uma porta celeiro dogon. Há conjuntos de vestimentas, pentes do tipo garfo, figuras em bronze e uma balança para pesar pó de ouro, junto de um peso em formado de escorpião usado na pesagem.
“Técnicas” destaca os materiais utilizados nas diferentes etapas da técnica da cera perdida, técnica milenar que esculpe peças de liga metálica por moldagem, além de apresentar um conjunto de enxós e permitir ao visitante conhecer o processo de elaboração de uma máscara Gueledé.
O último núcleo, “Joias e tudo que reluz”, é também o mais notável da exposição, já que a coleção de joias africanas do MAE/USP é uma das mais expressivas do mundo. São diversos exemplares de pulseiras, tornozeleiras, colares, anéis e brincos, em materiais como vidro, bronze e marfim.
Há ainda uma seção especial que reúne obras de artistas contemporâneos negros brasileiros. São onze obras, em diferentes técnicas e suportes, de Denis Moreira, Denise Camargo, Guto Oca, Larissa de Souza e Renan Teles, que mostram que uma coleção não é fixa e pode ser recomposta para apontar outros navios à vista.
Serviço
Exposição | outros navios: uma coleção afro-atlântica
De 24 de julho de 2024 a 16 de fevereiro
Terça a domingo, das 10h às 20h
Período
24 de julho de 2024 10:00 - 16 de fevereiro de 2025 20:00(GMT-03:00)
Local
Centro Cultural Fiesp
Avenida Paulista, 1313 - São Paulo - SP
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A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar a segunda exposição individual de Mariannita Luzzati (1963, São Paulo) em nossa unidade de São Paulo, que conta com texto crítico
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A Galeria Marcelo Guarnieri tem o prazer de apresentar a segunda exposição individual de Mariannita Luzzati (1963, São Paulo) em nossa unidade de São Paulo, que conta com texto crítico de Luiz Armando Bagolin. Convidando o espectador a refletir sobre o vazio e o silêncio, Mariannita Luzzati desenvolve sua prática pictórica a partir do interesse pela paisagem e pela simbologia elementar da contemplação que vem associada a ela. Em sua pesquisa, tenta refletir sobre a ideia de “restauração” da paisagem, que diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de tons rebaixados que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de nublar os elementos da cena.
A partir de um sistema pictórico próprio que desenvolveu há mais de 25 anos, Mariannita Luzzati apresenta nesta exposição um diálogo entre pinturas inéditas e pertencentes a séries anteriores, onde a variação de escalas se faz evidente. Como observa Luiz Armando Bagolin: “O ponto de inflexão entre as telas maiores e as novas, menores, parece ser exatamente este, ou seja, o desejo da artista em tornar tudo o que vê mais próximo, no sentido de mais familiar, por mais que os sentimentos de isolamento e inacabamento prevaleçam. E por maior que seja a dimensão do campo colorido (ou do quadro pintado), nunca é ao monumental que sua obra se endereça. Se sua pintura dispensa propositadamente uma profundidade, dispensa igualmente a escala da paisagem como algo épico e farsesco. O seu trabalho, ao contrário, oscila sempre entre um campo de projeção de um espaço físico observável e um espaço de pura imanência que pertence à realidade da própria pintura. Por isso, é avesso também ao sublime grandioso ou terrível (imaginado por Edmund Burke).”
Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha. Em suas novas pinturas, Luzzati passeia por tons azulados e esverdeados por meio do uso de pigmentos como verde ftalo, óxido de cromo verde, azul ultramar e azul cobalto, aproximando-se assim, como observado por Luiz Armando Bagolin em seu texto crítico, de um momento da tradição da pintura de paisagem inglesa em que o pintor do gênero buscava uma emancipação e autonomia. “John Constable então aprendeu (e a partir dele, Monet, mais tarde) que, ao pintar a paisagem, deve-se partir sempre de um fundo verde vivo, a fim de obter efeitos mais vibrantes nas sucessivas camadas de cores que serão aplicadas depois sobre este fundo. Invertia-se ou se modificava assim o princípio segundo o qual, na pintura “clássica” ou mais antiga, de gênero alto (a pintura histórica) ou de gêneros mais elevados do que a pintura de paisagem (que era considerado um gênero baixo), iniciava-se a composição a partir de um fundo avermelhado (com cinábrio) ou acastanhado (com sépia ou bistre) como garantia da recepção das luzes e do modelado do claro-escuro na progressão da feitura da pintura.
Mariannita Luzzati (1963, São Paulo), vive e trabalha entre São Paulo e Londres. Dentre as exposições individuais e coletivas que participou, destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna da Bahia, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Fundação Iberê Camargo, Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, Museu Vale do Rio Doce de Vitória, Museu Nacional de Buenos Aires, Museum Of London, Haus Der Kulturen Der Welt em Berlim, Maison Saint Gilles em Bruxelas
Suas obras constam em importantes coleções nacionais e internacionais, dentre as quais a Fundação Itaú Cultural de São Paulo; a Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro; a Fundação Cultural de Curitiba; a Fundação Padre Anchieta – TV Cultura em São Paulo; o Museu de Arte de Brasília; o Machida City Museum of Graphic Arts em Tóquio; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural Dragão do Mar em Fortaleza; Instituto Figueiredo Ferraz em Ribeirão Preto; Fundação Musei Civici de Lecco e MIDA – Scontrone na Itália; British Museum de Londres; Essex Collection em Colchester na Inglaterra; Credit Suisse First Boston; Halifax plc; Herbert Smith; Rexam plc de Londres; Teodore Goddard, em Jersey e Pearson plc, em Nova York.
Serviço
Exposição | Mariannita Luzzati
De 30 de julho a 03 de setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 17h
Período
30 de julho de 2024 10:00 - 30 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Marcelo Guarnieri
Alameda Franca, 1054 São Paulo – SP
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Em sua segunda exposição individual na Vermelho, Carlos Motta apresenta Gravidade, um projeto em duas partes composto por um desenho fragmentado feito em grafite e um vídeo de 14 minutos, comissionado
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Em sua segunda exposição individual na Vermelho, Carlos Motta apresenta Gravidade, um projeto em duas partes composto por um desenho fragmentado feito em grafite e um vídeo de 14 minutos, comissionado pela Vermelho e produzido em São Paulo.
O desenho retrata uma paisagem árida onde centenas de humanos cuidam uns dos outros com urgência. As figuras seguram, carregam e arrastam-se mutuamente com cuidado, visivelmente lidando com o peso dos corpos, mas determinadas a ajudar uns aos outros a persistir em meio a um deserto seco, onde apenas alguns trechos de grama verde sugerem a esperança de sobrevivência. Concebido como uma partitura de performance, o desenho foi usado por Motta e por oito performers locais para produzir um vídeo que explora os temas do cuidado, resistência, peso, gravidade e sobrevivência.
Desenvolvido em estreita colaboração com os performers e filmado em estúdio, o trabalho apresenta uma sequência de ações performativas onde os performers encontram maneiras cautelosas e ternas de segurar, carregar e suportar o peso de seus corpos pelo maior tempo possível, criando cenas de resistência duracional. Com uma trilha sonora eletrônica composta pela artista sonora carioca Luisa Lemgruber, Gravidade faz a pergunta: O que é necessário para sustentar uma vida?
Serviço
Exposição | Gravidade
De 31 julho a 28 setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
31 de julho de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
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Marcelo Moscheta é um artista caminhante. A caminhada é performativa e investigativa e permite novas leituras sobre o que é espaço e lugar a partir de “torções” conceituais. O artista
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Marcelo Moscheta é um artista caminhante. A caminhada é performativa e investigativa e permite novas leituras sobre o que é espaço e lugar a partir de “torções” conceituais. O artista que incorpora o ato de caminhar em sua prática sempre esteve presente na costura da história da arte. Artistas como Richard Long, Hamish Fulton e Francis Alÿs criaram obras que transformaram paisagens (urbanas ou naturais) ou a maneira de observá-las a partir de suas caminhadas.
Ao longo de sua carreira, Moscheta realizou expedições pelos mais diversos lugares do globo, incluído o Ártico, o Atacama e a Bretanha. Suas obras se relacionam com a tradição conceitualista do caminhar das mais diversas formas, da intervenção em paisagens a transposição da experiência de estar nos lugares por meio de obras ligadas a documentação. Morando em Portugal desde 2021 para o desenvolvimento de sua pesquisa de doutorado, Moscheta estabeleceu mais uma forma de deslocamento baseada no constante estado de trânsito do imigrante, sendo lembrado constantemente de que não pertence àquele lugar. Esse conjunto de vivências e experimentações informa uma série de novos trabalhos na sua nova exposição na Vermelho. Intitulada Errante, a mostra lida com deslocamentos espaciais, temporais e burocráticos.
Em Portugal, Moscheta teve contato com alguns dos monumentos megalíticos mais antigos da Europa. Interessado por rochas enquanto representações poéticas de uma história permanente, Moscheta rebateu a experiência de presenciar um desses monumentos, o Dólmen da Arca, localizado no município de Viseu, através da instalação 1:1 (Dólmen), que ocupa a sala principal da exposição. Os dólmens são estruturas compostas por grandes que eram usadas como sepulcro. Por se conformarem como uma espécie de abrigo, suas estruturas preveem o corpo enquanto escala. A instalação, feita a partir de uma frottage (ou decalque) do Dólmen, planifica o monumento permitindo que o público se desloque por seu referente. Assim, Moscheta aproxima a sua pele inserida nessa paisagem da “pele” da pedra. A obra se da como ícone e índice, como mapa e pegada.
Em suas caminhadas, Moscheta coleciona rochas, fósseis, documentos e uma miríade de elementos. É parte desse material que forma a série Autopoiesis (2024) onde elementos de diferentes expedições são articulados em procedimentos característicos do conceitualismo, como a intervenção e combinação de elementos, a articulação de textos enquanto imagem, o uso da documentação e a contextualização de componentes. Na biologia e na filosofia, o termo Autopoiesis descreve sistemas que são capazes de se criar e se manter a partir de si mesmos.
Em Substância (2024), Moscheta insere uma rocha de sal em uma fotografia feita em uma de suas expedições a uma caverna de sal na Colômbia. A obra, ao mesmo tempo, documenta e transporta seu estar na caverna.
Na série Parábola (2024), Moscheta propõe outro deslocamento temporal a partir de uma fotografia feita por seu pai durante uma coleta no Horto Florestal de Maringá (São Paulo) em 1981. Botânico de profissão, seu pai registrou o filho de um colega brincando com uma vara de doda, uma ferramenta tradicionalmente usada na agricultura, especialmente no Brasil, para sacudir ou bater em árvores frutíferas a fim de derrubar os frutos. Moscheta elabora o momento de aprendizado lúdico registrado na fotografia para elaborar composições onde ensinamento e liberdade se aproximam.
Questões sobre a natureza do tempo também pautam Deposição (2024). A série de pinturas de Moscheta é feita a partir da sedimentação de calcário proveniente de cocolitos. Essas massas de carbonato de cálcio são produzidas por algas como uma forma de proteção. Quando a alga morre, os cocolitos são liberados no ambiente marinho.
Moscheta produz aguadas com o pó de calcário dos cocolitos para pintar superfícies preparadas com gesso acrílico. A imagem das pinturas se assemelha a ossadas turvas, propondo um caminho múltiplo entre matérias. As pinturas são organizadas em um dispositivo que lembra exposições de artefatos. O jogo temporal e material de Deposição levanta questões acerca da natureza da criação e da destruição na arte.
Esses percursos do projeto, negociações, documentos, amostras e comprovações, atribuem outro tipo de caminhar às obras de Errante, um que pode nos fazer pensar na arte postal dos anos 1960 e 1970, que tinha a troca de documentos enquanto parte fundamental do fazer. Um deslocamento que ocorre por correspondência.
As várias caminhadas e obras de Marcelo Moscheta se apresentam como um diário de bordo de suas jornadas, onde questões que tocam a estética, ética e história da arte são rebatidas na história dos deslocamentos e assentamentos do homem no mundo; nas suas formas de estar e pensar os espaços, e nas formas de dominação que exerce sobre o mundo.
Serviço
Exposição | Errante
De 31 julho a 28 setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
31 de julho de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
Detalhes
No espaço antes ocupado por um restaurante no pátio da Vermelho, Motta & Lima exibem a instalação de grandes dimensões Relâmpago (2015). Na obra, o fenômeno natural de mesmo nome é recriado
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No espaço antes ocupado por um restaurante no pátio da Vermelho, Motta & Lima exibem a instalação de grandes dimensões Relâmpago (2015). Na obra, o fenômeno natural de mesmo nome é recriado por Motta & Lima no espaço interno, com lâmpadas tubulares que imitam a luz violácea dos relâmpagos, representando sua potência e fragilidade, sua capacidade criadora e destruidora.
Serviço
Exposição | Relâmpago
De 31 julho a 28 setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
31 de julho de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Vermelho
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo - SP
Detalhes
Tipologia que consiste no apoio horizontal descolado do chão e suportado por pés, para que as pernas descansem na posição sentada do corpo. Cadeiras e bancos têm pernas que substituem
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Tipologia que consiste no apoio horizontal descolado do chão e suportado por pés, para que as pernas descansem na posição sentada do corpo. Cadeiras e bancos têm pernas que substituem momentaneamente as dos humanos. Às vezes as cadeiras têm braços, que também dão trégua e descanso. E têm costas, de onde vem a palavra encosto. Pernas, pés, braços, encosto, assento: a cadeira é a imagem de uma pessoa sentada. A familiaridade da forma escultórica faz dela uma atração contínua e fascinante para o artista.
Esta exposição conta com cerca de cinquenta obras – entre cadeiras, poltronas, bancos e banquinhos – de 51 artistas contemporâneos e modernos. Várias delas foram feitas especialmente para a mostra e são inéditas. Ainda que a maioria possa ser usada e siga algumas regras estruturais inescapáveis, estas criações de artistas se descolam das exigências do design. Se tipicamente o designer industrial precisa considerar questões como a produção em escala ou a ergonomia, artistas podem se aventurar com espontaneidade em materiais e técnicas, comentando dinâmicas sociais, políticas, tecnológicas e culturais.
Pedras arqueológicas mostram que assentos estão entre nós desde a era neolítica, na transição do nomadismo para os primeiros assentamentos. Não é preciso muita imaginação para figurar nossos ancestrais encontrando apoio e repouso em rochas ou troncos de árvores, como rememoram o bancos de Amelia Toledo e de Edgard de Souza, as amarrações de galhos inquietos de Marcius Galan, a forma de tronco de palmeira de Tiago Mestre ou o jabuti de Makaulaka Mehinaku, no qual os contornos do animal estão sugeridos pela madeira bruta.
No Brasil, o banquinho de todo dia, popular e anônimo – o dos trabalhadores da construção civil, da roça, de camelôs –, concebido com simplicidade a partir de materiais encontrados, inspiram Rivane Neuenschwander, Nicolás Bacal, Keila Alaver, Campana e Mônica Ventura, que criou o banco junto a seu pai, o pedreiro Osvaldo Costa. José Bento transforma sua banqueta em balcão, com elementos de uma roda de samba – cachaça, pandeiros – em paralelo com a função ritualística no apoti sobre o qual, na obra de Jaime Lauriano, repousa o alguidar cheio de pedras portuguesas.
Marcos Chaves resgatou sua cadeira com encosto de ripas de caixote de feira em uma calçada do Rio – um ready made. Com outros elementos encontrados na rua, Alexandre da Cunha e Rafael Triboli criam uma namoradeira que abre espaço para uma conversa à meia-luz. Em Entre o Céu e a Terra, Ernesto Neto faz do banco de peroba rosa o espaço para um elo afetivo, um romance, emoldurado pela corda de crochê que pende do alto. Chamado Juntes, o banco de base articulada com um amortecedor de scooter, de Iván Argote, pede acordo entre seus ocupantes: ele funciona como uma gangorra ou um banco de praça para conversar, ficar, ninar, enfim, estar junto.
Bancos e cadeiras podem ser símbolos de hierarquia e poder. O termo chairman, o presidente da empresa, se traduz literalmente como “o homem da cadeira”. O trono de faraós, imperadores, reis e chefes tribais ressoa na cadeira de Seu Fernando da Ilha do Ferro, sua majestosidade implicada pela altura elevada do assento e do espaldar. Dessa matriz pomposa vêm as poltronas largas e com braços como a de Flávio de Carvalho para a Fazenda Capuava ou a cadeira de balanço do mexicano Jorge Pardo, talhada com um excerto da tela L’Atelier du peintre de Courbet.
Rirkrit Tiravanija reivindica a cadeira como instrumento de descanso e não de trabalho ao inscrever no encosto “do not ever work” (não trabalhe jamais). A forma elaborada por Lucas Simões encontra-se em “estado de repouso” e leva o nome Dormente, em referência ao conceito aristotélico de potência.
Uma cadeira vazia é a representação de um corpo que não está. Enxergamos pessoas e personagens na Romana de Ana Mazzei, na Silla Castigada de Carlos Bunga e em Arm de Brian Griffiths. Existe ausência mais contundente que a da dupla de poltronas que Maria Thereza Alves criou após a morte do seu marido, o artista Jimmie Durham (continued life 1800-2022)? Pensando nessa distância, Raphaela Melsohn chamou a sua de o vazio se preenche.
Há indicações de encontros, como na interdependência dos corpos da colaboração de avaf com Yuli Yamagata. A cadeira tripla do coletivo Opavivará! é um convite à interação social, alegoria da amizade nas praias do Brasil que relê o tipo comum da cadeira dobrável de alumínio e tela de nylon, sobre a qual interagiram também Detanico Lain e Rochelle Costi. Nelas o tempo passa lânguido: uma bordada com ponteiros de relógio, a outra rodeada por uma pequena paisagem vegetal.
O Móvel de Daniel Albuquerque é uma combinação entre o seu material primário, o tricô, e o estofamento de futon. Desenrolado, adquire formas que vão da chaise à esteira. Sonia Gomes idem: aplica a mídia tátil e sensual de tecidos, rendas, cordões e amarrações à superfície dura e seca do banquinho de madeira de quatro pés, o mesmo modelo popular ao qual Marepe faz referência. Com o humor característico que permeia seu trabalho, o artista baiano talhou o banco no formato de lacre de garrafa de champagne.
Efrain Almeida esculpe em sua cadeira pés de bode, e faz o assento com a pele ao modo da cultura sertaneja. Vivian Caccuri desvela da cadeira de sentar um instrumento musical de cordas. Nos quatro cantos do seu banco Bocada, Mano Penalva incorporou bocas de crochê de uma mesa de sinuca – nos quais, quem sabe, pode-se guardar um iPhone ou pequenos objetos. O banco de papelão de Jarbas Lopes é recheado de velhos documentos, contratos vencidos, papéis aleatórios – em referência aos papéis-moeda tradicionalmente guardados no banco, a instituição financeira. Uma obra de arte cujo nome é “você pode sentar”; isto é, sentar em uma pilha de dinheiro.
Os bancos de Daniel Senise, Gabriel Orozco e Marcelo Pacheco têm lastro na linguagem moderna, com detalhes próprios a cada poética; Senise, por exemplo, usa no assento tacos de madeira removidos de um edifício assinado por Franz Heep, do final dos anos 1950.
Qual estúdio de artista não tem uma cadeira? Quantas vezes ela não foi central a uma obra? Edgar Degas retratou uma poltrona vazia, de costas para o espectador. Van Gogh pintou a sua como natureza morta, o cachimbo apoiado sobre o trançado de fibra natural. Joseph Beuys a fez efêmera, de gordura, assim como Adriana Varejão, de carne seca. Joseph Kosuth foi do objeto à representação e ao conceito, na clássica obra One and Three Chairs. A cadeira elétrica de Andy Warhol continua a provocar arrepios, 60 anos depois.¹
As propostas nesta exposição são uma amostra ínfima de um campo vasto.² Artistas que fizeram do design também uma profissão – como Abraham Palatnik e Geraldo de Barros – desenharam ao menos uma dúzia de assentos, sinal de um desafio que não se esgota (Lygia Clark pousou em um famoso retrato sentada na cadeira de Palatnik exposta aqui; a poltrona de Barros é um protótipo).
Uma cadeira é uma cadeira, nunca “a” cadeira. O Mundo das Ideias é um bom lugar para uma cadeira que em nada consiste, como nas imagens – indeléveis à memória coletiva – de astronautas “sentados” no próprio corpo, flutuando no espaço sideral, sem gravidade. Marcel Breuer, ao projetar assentos com o mínimo possível em seus experimentos na Bauhaus³ disse, utopicamente: “No fim das contas, sentaremos em colunas de ar resilientes”.
Nessia Leonzini e Livia Debbane
Serviço
Exposição | Uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira
De 01 de agosto a 21 de setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 17h
Período
1 de agosto de 2024 10:00 - 21 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Luisa Strina
ua Padre João Manuel 755, Cerqueira César, São Paulo
Detalhes
Luisa Strina anuncia a exposição Mira Schendel: Transparências. A artista (1919-1988) foi uma figura pioneira na arte latino-americana, trabalhou com Strina nos anos 1980, e expôs na galeria em 1981
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Luisa Strina anuncia a exposição Mira Schendel: Transparências. A artista (1919-1988) foi uma figura pioneira na arte latino-americana, trabalhou com Strina nos anos 1980, e expôs na galeria em 1981 e 1983.
Organizada por Olivier Renaud-Clement em colaboração com a família Schendel e Hauser & Wirth, a mostra reúne uma ampla seleção de Monotipias de Schendel, produzidas entre 1963 e 1965, além de uma série de objetos escultóricos em acrílico do final dos anos 1960 e 1970. Transparências é acompanhada por um ensaio inédito do Curador Chefe do Museo del Barrio de Nova York, Rodrigo Moura.
“A transparência está no centro dessa mostra da Luisa Strina, onde Mira Schendel fez duas exposições em vida nos anos 1980. Passados quase um quarto do século 21, é inescapável perguntar qual o lugar reservado à sua obra no Brasil e no mundo de hoje, quando as questões identitárias parecem ter assumido um papel que muitos consideram preponderante na arena cultural. Schendel ressurge aqui como um farol para iluminar o caráter individual e irredutível que habita o cerne da obra de qualquer grande artista – e a transparência nos apresenta uma imagem poderosa para essa afirmação. Quem há de negar que sua identidade tenha informado sua obra – uma mulher europeia imigrante? Que a vivência da perda e da diáspora esteja por trás do seu impulso por transcendência? Que a linguagem esteja sempre prestes a desmoronar em sua obra, como só acontece com aqueles para os quais a língua nunca é uma garantia? Que seu entendimento singular do projeto moderno o empurre sempre para uma espécie de beira do precipício, por ela enxergar nele as limitações sexistas de suas aspirações hegemônicas originais?”, analisa Moura.
As mais de cinquenta Monotipias apresentadas traçam um panorama da abordagem experimental e inovadora de Schendel. Cada peça revela sua meticulosa exploração da textura, forma e translucidez, em um jogo sutil de luz e sombra.
Esses trabalhos foram extremamente experimentais na época de sua criação. Tal feitura envolve a aplicação de pó de talco em um dos lados do papel de seda japonês, que é colocado sobre uma chapa de vidro previamente oleada. Schendel “desenhava” com vários instrumentos, incluindo seus dedos, aplicando pressão no lado não oleado.
O processo criava uma linha orgânica que quase parecia parte do papel e permitia a Schendel responder gestual e caligráficamente ao material. Essas marcas gráficas, letras e manchas resultaram em desenhos extraordinariamente belos e poéticos em ambos os lados do papel, os quais são mostrados na galeria em prateleiras retroiluminadas, que preservam sua transparência.
Nas obras seguintes de Schendel, a transparência se apresenta como o catalisador da experiência do espectador com o corpo e a visão. A artista começou a usar acrílico que, suspenso no ar, permite que a imagem e o plano se desdobrem em dois: para ver através e para uma “leitura circular em que o texto é o centro imóvel, e o leitor é móvel”, como afirmou a artista.
Essas formulações deram origem aos Objetos gráficos (1967-1973), nos quais folhas de papel são sobrepostas para criar quadrados onde o jogo de cheio e vazio amplifica o signo gráfico entre o silêncio e o ruído por meio da repetição e alterações na escala. Suspensas por fio de nylon, as obras da série Transformáveis são compostas por pequenas tiras de material transparente articuladas para evocar a sensação de mutabilidade e jogo. Elas giram no ar, projetando sombras e reflexos em constante mudança.
Também incluídas na exposição estão obras da série Discos, do início dos anos 1970, quando Schendel começou a criar objetos escultóricos usando acrílico e letraset. Sintetizando a experimentação formal das Monotipias, este conjunto de obras continuou a abraçar ideias espirituais sobre o “outro lado” da transparência, um lugar onde outros mundos e outras formas de materialidade existiam.
Os discos redondos são feitos de lâminas de acrílico sobrepostas. Eles envolvem turbilhões de letras e símbolos em letraset, legíveis, mas composições intraduzíveis. Aqui a linguagem é vista como uma espécie de poeira cósmica, informe e infinita. “Mira Schendel é fundamental para o debate artístico atual. Embora enraizada na experiência, sua obra refuta as leituras redutoras de identidade, mas também cada vez mais se mostra refratária a uma interpretação formal strictu sensu. Talvez, sob a lente da transparência, este seja seu traço mais marcante”, finaliza Rodrigo Moura.
Serviço
Exposição | Mira Schendel: Transparências
De 01 de agosto a 21 de setembro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h
Período
1 de agosto de 2024 10:00 - 21 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Luisa Strina
ua Padre João Manuel 755, Cerqueira César, São Paulo
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O bom humor característico da relação do artista com os objetos mais triviais, que fazem parte do dia-a-dia e ele transforma em obras de arte, está patente entre as aproximadamente
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O bom humor característico da relação do artista com os objetos mais triviais, que fazem parte do dia-a-dia e ele transforma em obras de arte, está patente entre as aproximadamente 170 peças exibidas em Guto Lacaz: cheque mate. A mostra permanece em cartaz nos três pisos expositivos do Itaú Cultural (IC), de 1 de agosto a 27 de outubro. A curadoria e o partido expográfico são dos designers Kiko Farkas e Rico Lins, o desenho da expografia tem assinatura de Daniel Winik e a concepção, realização e projeto de acessibilidade são do Itaú Cultural.
Três dessas peças são inéditas: Volare reúne grandes cilindros transparentes, em pé, dentro dos quais um ventilador faz girar aletas sem sair do lugar, criando uma ilusão ótica. Nomes, brinca com uma das obsessões do artista: a nomenclatura e o jogo de palavras. Ele sempre colecionou frases, vocábulos, bilhetes, nomes e frases impressos em anúncios e notas de compras, entre outras, que agora compõem a obra. Eletrolinhas é construída com caixas pretas verticais, como colunas, com fendas e movimentos sutis.
Multimídia, Guto Lacaz é conhecido por suas instalações e performances, além de ter uma produção variada como desenhista, ilustrador, cartunista, designer, cenógrafo, e na assinatura de projetos gráficos editoriais e logomarcas para empresas. Formou-se em arquitetura e eletrônica industrial pela USP, na década de 1970, no entanto, como o próprio diz, não deu certo e decidiu fazer “esse negócio de ser artista”. Com o tempo, ele criou o que chama de convivência lúdica com os objetos – um método de observação e concentração que desemboca em seu trabalho artístico. Deu certo.
O universo do artista – hoje com 76 anos – é uma imensidão de objetos singulares, dispositivos engenhosos e incomuns, vídeos de performances inusitadas, peças com trocadilhos e jogos de palavras. Um fantástico mundo que ele construiu entre elementos visuais de objetos que transitam despercebidos pelo cotidiano de todos. Com a sua interferência, eles ganharam o circuito das artes.
“A produção de Guto Lacaz é marcada por sua criatividade, sempre muito atenta e curiosa, e pela multiplicidade de linguagens em que ele atua”, diz Sofia Fan, gerente de Artes Visuais e Acervos do Itaú Cultural. “Esta exposição celebra a sua trajetória, de quase 50 anos, e lança um olhar panorâmico sobre sua obra”.
Segundo os curadores, a mostra apresenta o trabalho de Lacaz dando luz a sua genialidade e destacando a sua importância no mundo das artes. Eles contam que pegaram o lado B do artista – erro, casualidades, processo criativo, tempo, espaço e verticalidade –, que sempre foi visto como outsider, mas que trafegou por todas as áreas das artes, do cinema e teatro ao livro e as artes visuais.
O seu primeiro trabalho artístico é Escultura com bandeira, criado em 1970 quando ainda estava na faculdade. Trata-se de um pequeno objeto cinético elaborado com arames retorcidos e engrenagens. Para ele próprio, no entanto, a sua carreira começou em 1978 ao ser premiado na 1ª Mostra do Móvel e do Objeto Inusitado, no Paço das Artes, em São Paulo, por um conjunto de trabalhos inscritos. Um deles é a obra Crushfixo, de 1974, também presente na exposição do IC, na qual ele simplesmente afixou uma garrafa do refrigerante em um retângulo de gesso. Assim, começou a fazer sucesso.
Lacaz costuma dizer que erra muito porque faz tudo pela primeira vez e essa é a melhor forma de aprender (leia neste PKD em falas do artista). De erro em erro, ele acerta rotundamente. O público constata isso ao circular pelo espaço expositivo, em peças, por exemplo, como Rádios pescando – uma série de radinhos de pilha enfileirados como pescadores, empunhando linhas de pescar esticadas em direção ao chão, que ele criou em 1986. Ou em Óleo Maria à procura da salada, de 1982, na qual uma lata desse produto com uma antena ziguezagueia em uma bandeja vazia. Ou, ainda, na obra que dá nome à exposição: em cheque mate, ele atribui a um cheque o papel de sustentar um saquinho de chá mate para prendê-lo na xícara.
Vale contar que, certa vez, ele resolveu levar um rolo de papel higiênico para a mesa de seu ateliê e observá-lo por dias e dias, aplicando, então, o seu método de convivência lúdica com o objeto. Por fim, entendeu que era um objeto injustiçado pois tem uma proporção perfeita entre altura e diâmetro, é macio e confortador quando colocado perto do rosto, se desenrola, pode ser usado como luneta e outras utilidades. E concluiu que o papel higiênico merece ser colocado em lugares mais nobres das residências. Surgiu daí uma obra de arte em que um desses rolos serve de base para um pequeno abajur, também presente na exposição (veja sua fala sobre o assunto em vídeos).
Atenção, ainda, para a série Eletro Livros, de 2012, estruturada a partir de livros abertos em páginas com fotografias. Neles, personagens de histórias, como Emília, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, de Monteiro Lobato, e Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, além de artistas, como Vladimir Maiakovski e Piet Mondrian, aparecem realizando uma determinada ação. As cenas expostas em cada página são compostas de mecanismos acionados por motores elétricos. Trata-se de uma traquitana artística eletrônica, que dá a ilusão de tridimensionalidade e movimento dos artistas retratados. Ainda, um dos pisos é ocupado por uma grande obra, a Pororoca, uma escultura cinética que pode ser atravessada pelo público.
A mostra também apresenta elementos do ateliê de Lacaz, onde ele guarda todos os seus caderninhos, blocos, fotos, memórias, em uma camada de paredes circulares de cores diferentes. Trata-se de um espaço que os curadores chamam de HD (hard disk), como o próprio artista chama algumas de suas salas onde organiza e armazena seu acervo e materiais referentes ao seu trabalho.
A parede vermelha apresenta suas influências externas e seu encanto por aviões, entre outras. Outra, amarela, tem foco em seu processo criativo, com ensaios fotográficos das performances multimídia Ludo Voo, Eletroperfomance, IOU – A Fábula do Cubo e do Cavalo, referências, objetos, memorabília. Por fim, a azul reproduz fotos desse ateliê, em adesivo vinílico, cobrindo a superfície e gerando uma sensação de imersão dentro do espaço.
Não poderiam faltar as ilustrações que Lacaz fez para a revista Caros Amigos, de 1997 a 2012, e na coluna de Joyce Pascowitch, na Folha de S. Paulo, de 1980 a 1990. Pares Ímpares (2007-2013) reúne colagens digitais feitas pelo artista com Edson Kumasaka para a Revista Wish. Pequenas grandes ações, de 2003, apresenta 12 serigrafias inspiradas em manuais de instruções de eletrodomésticos e objetos diversos.
Vídeos de performances e o teaser (veja em vídeos) do documentário Guto Lacaz – um olhar iluminado, complementam o entendimento do processo criativo do artista e seu olhar para dar vida às coisas que passam invisíveis. O filme é dirigido por Marcelo Machado e conduzido por Farkas e Lins Ele será disponibilizado no streaming Itaú Cultural Play (www.itauculturalplay.com.br), a partir da data de abertura da exposição. A plataforma também pode ser acessada nos aplicativos para dispositivos móveis (Android e iOS), no Chromecast e nas smart TVs da Samsung, LG e Apple TV.
Serviço
Exposição | Guto Lacaz: cheque mate
De 1 de agosto a 27 de outubro
Terça-feira a sábado, das 11h às 20h, domingos e feriados, das 11h às 19h
Período
1 de agosto de 2024 10:00 - 27 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Sâo Paulo - SP
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A exposição “Corpo da imagem”, segunda individual do artista Fernando Soares na galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea, reúne algumas séries conceitualmente complementares do artista que abordam a condição “carnal”, tangível
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A exposição “Corpo da imagem”, segunda individual do artista Fernando Soares na galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea, reúne algumas séries conceitualmente complementares do artista que abordam a condição “carnal”, tangível e matérica da pintura.
Serviço
Exposição | Corpo da imagem
De 4 de agosto a 24 de setembro
Segunda a sexta – das 11h às 18h, sábado – sob agendamento 11 97653-7560
Período
4 de agosto de 2024 11:00 - 24 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Andrea Rehder Arte Contemporânea
Av. Brasil, 2079, Jardim Paulista São Paulo - SP
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A exposição André Ricardo: LuzCaiada integra a programação em celebração aos 20 anos da Galeria Estação. Segunda individual do artista no espaço sediado no bairro de Pinheiros, em São Paulo,
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A exposição André Ricardo: LuzCaiada integra a programação em celebração aos 20 anos da Galeria Estação. Segunda individual do artista no espaço sediado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, LuzCaiada reúne 20 pinturas inéditas, de diferentes formatos, recém-criadas com uma das marcas da produção de André Ricardo, desenvolvida ao longo de quase 15 anos de pesquisa: o uso de tinta têmpera aplicada em telas de linho manufaturadas pelo próprio artista. No texto de apresentação de LuzCaiada, o curador da exposição, Igor Simões, destaca que a densidade liquefeita da têmpera de ovo conferida às pinturas de André Ricardo foi também uma das inspirações para o título da mostra.
“É como se a tinta estivesse caiando o plano. Caiando como fazem os moradores de interior ou de subúrbio quando revestem com outro tipo de cal aquelas fachadas de casas que fazem das ruas uma experiência particular da cor. Uma luz que surge do cal. LuzCaiada, assim tudo junto, brinca de inventar algo que parece evocar um movimento, um jeito de ser cor, luz. O nome também repercute um jeito particular de lidar com a tinta, o suporte e a pintura. Antes de tudo, funciona como um convite para entender pintura como lugar de encontro de si e de memórias acessadas que partem do artista e reverberam também no outro. (…) Essas pinturas são complexas porque nelas está um conjunto de geometrias sensíveis que resultam da depuração de formas do mundo. No jogo desse artista, geometria é também sensação do mundo. Uma geometria afetiva que nunca é dura. Ela é etérea, luminosa”, defende Simões.
O domínio da técnica da pintura em têmpera, consagrada desde o renascentismo, no século XIV, e que consiste na utilização de tintas com pigmentos naturais aglutinadas em gema de ovo, é também uma das características do artista exaltadas pela sócia e cofundadora da Galeria Estação, Vilma Eid.
“Desde sua primeira exposição, em 2021, temos vivido com André muitas alegrias. Seu crescimento artístico é notório e pode ser acompanhado pelas ótimas individuais e coletivas das quais tem sido convidado a participar no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. A produção que mostramos agora é fruto de um ano de pesquisas alternadas com exposições importantes em instituições e galerias de arte parceiras. Vê-lo trabalhar é um prazer. Sua técnica têmpera é um primor”, avalia Vilma.
LuzCaiada também acentua a influência de um dos mestres da arte brasileira, Rubem Valentim (1922 -1991), sobre a produção de André Ricardo. Entre 25 de abril e 20 de maio de 2024, aliás, a interlocução poética entre ambos foi evidenciada na Inglaterra, por meio dos trabalhos reunidos na exposição André Ricardo & Rubem Valentim: Dialogues, promovida pela LAMB Arts Gallery.
Na ocasião da abertura da exposição, enfatizando que seu filho caçula Valentim foi batizado em homenagem ao pintor baiano, André Ricardo redigiu uma carta a Rubem Valentim. “(…) Lembro o quão revelador foi perceber que pintar é como fazer um percurso interno, lançar luz a uma pintura que já carrego. A visita a essa herança é uma afirmação do direito à memória, fundamental na construção de nossa identidade. Ver a obra de um outro artista também é um modo de acessar esse lugar. Sua obra, Rubem, não cessa de me provocar nesse sentido, ecoando fundo a cada encontro com ela”, defendeu o artista em um dos trechos da carta.
Representado pela Estação desde 2019, André Ricardo defende que sua relação com a galeria vai muito além de questões mercadológicas e reflete um marco afetivo de dimensão bem mais subjetiva em sua formação artística.
“Antes de ser um artista da galeria eu fui um assíduo frequentador de suas exposições e aprendi muito com elas porque tive a oportunidade de conhecer figuras maravilhosas, como Véio, Neves Torres, Chico Tabibuia, Alcides, Mirian e Conceição dos Bugres. Foi um processo que influenciou muito naquilo que eu faço hoje, pois me fez pensar em outras referências e não só especular acerca de uma visualidade brasileira ou latino-americana, mas, acima de tudo, especular sobre uma identidade. Acredito que a pintura é um caminho para o autoconhecimento e que também nos leva a uma dimensão de retorno a uma herança, a um lugar primordial”, explica o artista.
Para aqueles que viram a primeira exposição, André Ricardo: Pinturas, ele avisa que ecos dos trabalhos da mostra de 2021 serão perceptíveis, mas com novos elementos e desdobramentos tanto em nível de composição como de cores.
“A exposição reúne basicamente dois conjuntos de pinturas. Um deles ligado a meu interesse pela arquitetura vernacular brasileira, sobretudo das fachadas com platibandas que são bem características do interior do Brasil e do Nordeste. O outro é uma série que se originou a partir de um desenho feito por meio da observação de um pedestal com canhões de luz. Uma composição curiosa, que favoreceu uma pesquisa bastante variada sobre um assunto que é muito caro à pintura, que é a luz e o fenômeno da percepção da cor porque, embora a gente saiba que a pintura seja um plano bidimensional, o nosso olho não cessa de buscar profundidade e nunca vê tudo de uma vez. Daí veio também o título da exposição”, conclui André.
Serviço
Exposição | LuzCaiada
De 06 de agosto a 05 de outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados, das 11h às 15h
Período
6 de agosto de 2024 11:00 - 5 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Estação
Rua Ferreira de Araújo, 625 - São Paulo - SP
Detalhes
Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar a partir do dia 8 de agosto de 2024 a exposição “Julio Le Parc: Couleurs”, com cerca de 50 obras recentes e inéditas do grande
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Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresentar a partir do dia 8 de agosto de 2024 a exposição “Julio Le Parc: Couleurs”, com cerca de 50 obras recentes e inéditas do grande mestre da arte cinética. As pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas – em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente – vão ocupar dois andares da Nara Roesler São Paulo. Ativo aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”.
Entre as obras, está um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”, criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebem as mínimas partículas de cor presentes nas composições.
Nesses trabalhos que têm tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo. No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.
Outra série pictórica presente na mostra é a em que Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174” (2024), 200 x 200 x 3,5 cm, “Gamme 14 couleurs Variation 8” (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7” (1972/2024), ambas com 100 x 100 x 3,5 cm, e “Théme 72-7” (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.
Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico colorido suspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duas estruturas luminosas – “Continuellumière” (1960/2023) e “Continuellumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, medindo 124 x 35 x 27 centímetros, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricos. Uma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.
Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29 x 21 cm cada, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativoe experimental de Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”.
O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou na Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.
Serviço
Exposição | Julio Le Parc: Couleurs
De 8 de agosto a 19 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
8 de agosto de 2024 10:00 - 19 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Nara Roesler - SP
Avenida Europa, 655, São Paulo - SP
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O corpo da mulher (ou talvez seja um homem, o próprio Matias Duville não sabe dizer) que, sentada sobre as montanhas, observa a esparsa procissão de barcos que
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O corpo da mulher (ou talvez seja um homem, o próprio Matias Duville não sabe dizer) que, sentada sobre as montanhas, observa a esparsa procissão de barcos que se aproximam dela, é “atravessado pela paisagem”. As figuras humanas são quase completamente ausentes do universo do artista argentino, e é significativo que quando aparecem, como em Ciencia Folk (2024), elas estejam “em outro plano, não exatamente lá”. O aspecto mais curioso dessa ausência é que na maioria das obras de Duville, sejam elas pinturas, desenhos ou instalações, a paisagem é deserta, mas os rastos da passagem e da ação humana estão por todas parte: árvores cortadas, objetos em desuso, arquiteturas obsolescentes, tudo indica que alguém esteve lá e participou ativamente da construção do cenário que agora podemos observar. O lugar do artista também é o de alguém que acabou de chegar, que observa as coisas e as descreve. A primeira impressão, ao se deparar com essas paisagens, é que o artista está representando, com o objetivo de criar uma crítica contundente e ineludível a partir de uma perspectiva ecológica, um mundo pós-apocalíptico, em que as piores previsões (todas elas, diga-se de passagem, a cada dia mais plausíveis) se tornaram realidade. Mas a relação do próprio artista com o universo que, há quase trinta anos, vem representando, é mais complexa, e certamente “não se reduz à vontade de representar o que está acontecendo com o planeta”.
Apesar das mudanças estilísticas e da predileção, em fases distintas da sua trajetória, pelo desenho, a instalação ou a pintura, pode-se dizer que a paisagem que aparece em suas obras é a mesma. É como se o observador se deparasse, ao longo dos anos, com “frames de um filme que retrata essa paisagem”. Nenhuma das pinturas, nesse sentido, pode ser considerada totalmente isolada das outras, e muito menos pode-se assumir que qualquer uma das obras na exposição ou, numa escala maior, na produção de Duville como um todo, dê conta de retratar essa paisagem. O que vemos é o que o artista está vendo naquele momento, o que a câmera da sua mente observa. São fragmentos, flashes de um “espaço infinito, quase como o fundo de uma mente, algo inabarcável”. O tamanho do desafio de reproduzir um mundo se reflete na escala dos trabalhos. Se não é insólito, no panorama da produção artística contemporânea, ver instalações e pinturas de grandes dimensões, é mais raro ver desenhos da escala frequentemente adotada por Duville. O artista considera o desenho um meio mais físico do que a pintura: “o desenho tem muito a mão”, ele diz, enquanto “a pintura é mais fluida”. Talvez seja exatamente essa fluidez que faz com que as obras reunidas nesta exposição vibrem de um jeito muito distinto da maioria dos desenhos, quase sempre realizados em tons de vermelho ou de preto. Por outro lado, essa mesma fluidez faz com que as pinturas sejam menos físicas do que os desenhos. E essa falta de fisicalidade seja talvez o que faz surgir os golpes, as marcas de batidas na superfície da pintura que conferem “mão” aos trabalhos e fazem dessas pinturas trabalhos eminentemente duvillianos, no sentido que não apenas trazem a representação de um mundo que já nos é familiar, mas também a angústia de uma violência latente, ineludível.
Quando começa um novo trabalho, o artista raramente realiza estudos ou esboços preparatórios. O mais comum é partir de uma ideia, de um mote quase narrativo, ou literário até, “uma ponte que se derrete, uma onda congelada, um clima ao mesmo tempo frio e tropical…”. A partir disso, a cena vai surgindo sem que seu autor saiba exatamente como ou tenha um controle total sobre o que acontece. Se, no caso das instalações, a presença de materiais como o ferro ou o asfalto traz uma familiaridade que a obra precisa subverter, nas obras bidimensionais o observador fica completamente imerso nesse universo paralelo. Tudo é profundamente distinto do que conhecemos, e ao mesmo tempo intimamente familiar. Até o artista se pergunta, às vezes, “onde será que é isso? Eu gosto de não me reconhecer, de não saber quem fez isso. Quando tento planejar o que vou fazer, geralmente acabo não gostando do resultado”. Apesar de ter desenvolvido, ao longo dos anos, métodos e estratégias de trabalho, como introduzir “um montinho de pedras, umas árvores” ou outros elementos que o ajudem a “avançar sobre o terreno”, o artista se mantém numa posição indefinida, de alguém que consegue ser ao mesmo tempo criador e observador: “estou explorando esse ambiente junto com o observador, não tenho um controle sobre ele”. A ideia de uma exploração conjunta de um território desconhecido nos afasta mais ainda da visão reducionista do trabalho como uma crítica aos efeitos do antropoceno. Pelo contrário, a sensação é que não haja um juízo de valor unívoco: eventos catastróficos para uma civilização ou um ecossistema específicos podem não ter a menor relevância ou ser até benéficos para inúmeros outros. Estamos apenas começando a explorar o universo peculiar de Matias Duville, ainda não dá para sabermos o que é bom e o que não é, o que se desenrolou como poderíamos desejar e o que seguiu outras lógicas, a partir de decisões e arbítrios sobre os quais não temos controle algum. Por enquanto, observamos. Pode ser que em algum momento as coisas fiquem mais claras, mas também pode ser que não.
Serviço
Exposição | Cenizas de Mañana
De 10 agosto a 19 setembro
Terça a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 17h
Período
10 de agosto de 2024 10:00 - 19 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Casa Triângulo
Rua Estados Unidos, 1324, São Paulo - SP
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A Central em parceria com a Martins & Montero anunciam a abertura da individual “Almost vintage reflections of a woman” de Gretta Sarfaty, no dia 10 de agosto. Curada por
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A Central em parceria com a Martins & Montero anunciam a abertura da individual “Almost vintage reflections of a woman” de Gretta Sarfaty, no dia 10 de agosto. Curada por Lui Tanaka, a exposição marca o pré-lançamento do livro da artista pela Act. e apresenta a série de pinturas “Reflections of a Woman”, realizada por Sarfaty entre 1991 e 1997.
Esta é a primeira vez que a série de pinturas é apresentada no Brasil – o conjunto foi exibido pela última vez ao público em Londres no ano de 1997. A década de 1990 marca a ênfase da artista na pintura figurativa, antes voltada para a experimentação com o vídeo, a fotografia e a performance. A representação do corpo feminino, ponto central da poética de Sarfaty, seguem evidentes nas composições de “Reflections of a Woman”, que citam a tradição do nu feminino na pintura europeia dos séculos XVIII ao XIX.
As cenas do cotidiano privado são coabitadas por espelhos e suas imagens: “É como se, esquecendo-se do mundo, das coisas, do prosaico e do tempo do relógio, fosse permitido adentrar cada quarto pintado por Gretta Sarfaty e ali estar a sós com cada mulher nua retratada pela artista”, afirma Lui Tanaka no texto curatorial.
A imagem especular é frequente em outras obras da artista, que afirma: “Eu gosto dos espelhos, eu estive fascinada por eles. É fascinante ver a imagem refletida e brincar com ela. Você pode ver diferentes coisas. Elas brincam e jogam com você. Eu fiquei fascinada por esse aspecto”. Gretta Sarfaty é reconhecida por sua abordagem experimental e engajamento com questões de gênero. Em sua obra, um tema recorrente é o questionamento das representações estereotipadas da mulher e a busca pela essência feminina, muitas vezes expressa através da manipulação de autorretratos que se metamorfoseiam nas diversas mídias e suportes em que Gretta explora suas investigações estéticas. Seu trabalho desafia os padrões vigentes, provocando reflexões sobre identidade, poder e feminilidade na contemporaneidade.
Suas exposições individuais recentes incluem: “Not Your Usual Gretta Sarfaty”, na Central Galeria – São Paulo (2023); “Retransformações” na Auroras – São Paulo (2022); “Dos Nossos Espaços Vazios Internos” na Central Galeria – São Paulo (2019); entre muitas outras. Suas exposições coletivas abrangem eventos como: “Chão da Praça” na Pinacoteca – São Paulo (2023); “Farsa. Língua, Fratura, Ficcção: Brasil-Portugal” no Sesc Pompeia – São Paulo (2020); “Histórias da Dança” no MASP – São Paulo (2020); “Journées Interdisciplinaires Sur l’art Corporel et performances” no Centre Georges Pompidou – Paris (1979); “Mitos Vadios” em São Paulo (1978); “13a Bienal – São Paulo” (1975); entre muitas outras. Suas obras integram importantes coleções públicas, tais como: International Cultureel Centrum – Antuérpia; Musée du Palais – Luxembourg; Pinacoteca do Estado – São Paulo; Museu Reina Sofia (Madri); e Fundação de Serralves – Porto
Serviço
Exposição | Gretta Sarfaty: Almost vintage reflections of a woman
De 10 de agosto a 20 de setembro
Terça a Sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
10 de agosto de 2024 10:00 - 20 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Martins & Montero
R. Jamaica, 50 - Jardim America, São Paulo - SP
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Tororó, a primeira exposição de Vinicius Gerheim n’A Gentil Carioca São Paulo, com abertura no dia 10 de agosto, sábado, às 14h.
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A Gentil Carioca tem o prazer de anunciar Tororó, a primeira exposição de Vinicius Gerheim n’A Gentil Carioca São Paulo, com abertura no dia 10 de agosto, sábado, às 14h. O texto crítico é assinado por Felipe Molitor, que observa:
“Tororó apresenta um conjunto pujante de paisagens que vacilam entre cenários interiores e exteriores, onde mesmo as figuras mais evidentes são fugidias o suficiente para se libertarem em uma enxurrada de abstrações. Como se fossem reminiscências, os parcos registros de um quarto, sala, cozinha, quintal se misturam a jardins, matagais, céus ou riachos – uma confusão típica da fantasia dos sonhos. A dimensão onírica também pode fazer referência às imagens fugazes da memória, afinal, recordar lugares e momentos do passado envolve uma boa dose de imaginação.”
As obras inéditas despertam os sentidos com suas camadas de tinta ricas em cor e textura. Elas constroem perspectivas variadas, criando uma espacialidade única que transcende o racional. Os elementos emergem conforme as demandas da própria pintura, adaptando-se às formas e cores: um trovão pode se transformar em um galho, uma flor em uma boca, um galho em uma cobra, uma folha em um pássaro…
O artista ainda ressalta a beleza que surge da repetição e sobreposição de formas e cores nas telas: “É algo que exige muita paciência, dedicação, disciplina e uma certa energia atlética, pois é necessário repetir o processo várias vezes, aproveitando a camada de baixo enquanto ainda está ligeiramente molhada, sem perder o timing das outras camadas. Acho que tudo isso enriquece o processo.”
Serviço
Exposição | Vinicius Gerheim: Tororó
De 10 de agosto a 21 de setembro
Terça a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 17h
Período
10 de agosto de 2024 10:00 - 21 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
A Gentil Carioca | São Paulo
Tv. Dona Paula, 108 - Higienópolis, São Paulo - SP
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A galeria Janaina Torres, sediada em São Paulo, apresenta Arqueologias Migrantes, exposição individual inédita de Liene Bosquê, artista visual brasileira, radicada nos EUA há
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A galeria Janaina Torres, sediada em São Paulo, apresenta Arqueologias Migrantes, exposição individual inédita de Liene Bosquê, artista visual brasileira, radicada nos EUA há 16 anos. A mostra celebra os 20 anos de carreira da artista, com um panorama da produção de Bosquê, em um recorte de sua investigação sobre memórias, narrativas e pertencimento, a partir do patrimônio arquitetônico das grandes cidades, sob a perspectiva da condição de artista estrangeira.
Para a exposição, a curadora Cristiana Tejo, também brasileira e residente em Portugal, selecionou obras produzidas de 2003 até este ano, que refletem memórias sobre metrópoles intimamente ligadas à história da artista. Fragmentos de cidades como São Paulo, Miami, Lisboa e Nova Iorque transmutam-se em 50 ítens que compõem séries e obras, em uma ampla gama de suportes e materiais, resultando em instalações têxteis, monotipias com ferrugem, cianotipias, gravuras em metal, peças em couro, cerâmicas, esculturas em tecido e papel, vídeo, além de site specific especialmente produzido para evidenciar o espaço fronteiriço entre a galeria e a rua.
A pesquisa de Liene, que também é arquiteta, tem como pedra fundamental a busca por uma ancoragem territorial, perpassada por sua vivência como artista migrante.Liene mudou-se para Portugal em 2005 e para os EUA em 2008, residindo em Chicago, Nova Iorque e, estabelecendo-se, há seis anos, em Miami. Durante grande parte de sua carreira, voltou o olhar para extratos do patrimônio arquitetônico, localizando indícios de memórias em edifícios, construções, escombros, ruínas ou demolições. Sua investigação assemelha-se ao processo arqueológico, quando busca desnudar camadas de significados em elementos que sintetizam a essência do lugar. O fazer de suas obras, ora de maneira individual (em ateliê ou fora dele), ora coletivamente (nas ruas de diferentes cidades, conduzindo grupos em experiências artísticas participativas), busca captar o corpo em movimento refletido no patrimônio histórico urbano. Embora utilize formatos e materiais variados, o processo é quase sempre o mesmo: Liene utiliza o processo manual de impressão para gravar o volume, ornamentos de fachadas, fragmentos de grades ou portões, coleta de ferrugem das superfícies e outros elementos que apontem para a identidade do território. “A intenção é tangibilizar memórias individuais ou de grupos que habitaram ou habitam aquele ambiente, criando obras, a partir de detalhes negligenciados do cotidiano, transformando o mundano em monumental.” Comenta Liene.
Na exposição é possível observar a recorrência de materiais que, por si, contam a história e espírito do tempo de uma época, como ferro que forjou construções urbanas a partir do início do século XIX e ainda hoje dá o tom ao pensamento desenvolvimentista, sua velocidade, opulência e rigidez refletidas nas construções das grandes cidades. Em contraposição, Liene utiliza suportes delicados como tecido e papel, materiais que reafirmam a manualidade humana como protagonista da história. Liene também evidencia elementos naturais e suas fricções no contexto dos grandes aglomerados populacionais, quando, por exemplo, traz a argila para processos manuais de coleta de impressões pela cidade ou utiliza a luz do sol para revelar suas cianotipias, ou ainda quando realiza a extração de ferrugem para séries de instalações têxteis. Liene instiga a reflexão sobre a correlação entre a cidade, a história, a memória, deslocamentos humanos e a conexão pessoal com os lugares. Seu trabalho reafirma a busca pelo pertencimento, inerente ao ser humano, e agravada na condição de migrante que, muitas vezes, tende a vivenciar de maneira mais acentuada problemáticas das grandes cidades, como a especulação imobiliária, a gentrificação, o desemprego e a própria xenofobia.
Ainda no tocante à experiência migratória, o público poderá observar, na mostra, referências aos desafios impostos pelas fronteiras (territoriais ou não), refletidas nas estruturas limítrofes como portões, grades ou janelas de edificações icônicas, que carregam significado histórico, de memória coletiva e de pertencimento (ou exclusão), como, por exemplo, o parapeito do elevador Santa Justa (Lisboa), as grades do presídio Carandiru (São Paulo) ou da 14th Street, em Manhattan. Por outro lado, poderá compartilhar de memórias individuais, pessoais e afetivas de cidadãos de diferentes origens, nas peças expostas como resultado de proposições participativas, em formato de caminhadas coletivas realizadas por Liene em diversas cidades do mundo, incluindo as da performance Coletando Impressões, realizada no centro de São Paulo, em 2018.
Liene está, excepcionalmente, em residência artística na cidade de São Paulo, para a produção das últimas peças da exposição, no Massapê Projetos (no bairro de Santa Cecília) – experiência viabilizada pelo prêmio “Summer Artist Access Grant Award FUNDarte and Miami-Dade County Department of Cultural Affairs”. As obras finais da exposição estão sendo produzidas a partir da vivência de Bosquê na região central da capital paulista, e trazem agora a perspectiva do olhar, quase que estrangeiro da artista, sobre a cidade onde cresceu. A busca por indícios que devolvam a sensação de pertencimento à Liene estabelece um paralelo ao sentimento comum aos migrantes das diversas partes do mundo, que diariamente, desembarcam nas grandes metrópoles sendo obrigados a construir novas memórias, significados e a própria história.
Serviço
Exposição | Arqueologias Migrantes
De 10 de agosto a 28 de setembro
Terça a sexta, das 10h às 18h e sábados, das 10h às 16h
Período
10 de agosto de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Janaina Torres Galeria
Rua Vitorino Carmilo, 427 Barra Funda, São Paulo-SP
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Um dos gêneros mais importantes da literatura islâmica medieval tratava das maravilhas da criação, ou mirabilia. Tais manuscritos reuniam, bem como a literatura medieval ocidental, narrativas sobre inúmeros seres sobrenaturais, mas
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Um dos gêneros mais importantes da literatura islâmica medieval tratava das maravilhas da criação, ou mirabilia. Tais manuscritos reuniam, bem como a literatura medieval ocidental, narrativas sobre inúmeros seres sobrenaturais, mas também descreviam a imensidão e diversidade da natureza: os mares, os rios, as montanhas. Discutiam os reinos animal, vegetal e mineral ao mesmo tempo em que manifestavam o assombro diante do inexplicável, misterioso e fantástico. Ali estavam reunidos, em uma só obra, tratados de ciências naturais, magia e, por que não, poesia. Seu expoente mais popular foi escrito por Zakariyya al-Qazwini (1203-1283), Maravilhas das Coisas e Aspectos Milagrosos das Coisas Existentes.
Em sua primeira exposição individual na Galeria Luis Maluf, em São Paulo, a artista Desirée Feldmann apresenta um conjunto de obras inéditas intitulado “Imagens Preenchedoras“. Nas palavras da artista, o título “é o nome dado ao conjunto de desenhos nos quais venho trabalhando desde 2021, e que contém em sua essência códigos de símbolos e cores que formam, de maneira abstrata e não convencional, insígnias de proteção.” A mostra reúne trabalhos que resultam do processo de investigação pictórica e material da artista através dos desdobramentos espaciais originados da série homônima de desenhos dessas “imagens-amuleto”.
Esta produção tem origem em suas indagações acerca do campo da pintura e as remotas relações estabelecidas ao longo do tempo entre humanos e os mistérios da natureza que os puseram a imaginar e representar. Diante de esculturas e objetos confeccionados em tecido, volumes macios e de uma paleta cromática cuidadosamente articulada pela composição orgânica de formas que nascem umas por dentro de outras, a exposição nos convida a acessar alguns sentidos presentes em nossas experiências primeiras das coisas do mundo. Por experiências primordiais podemos compreender desde aquelas primeiras memórias que possuímos às experiências marcantes capazes de produzir assombro, encantamento e/ou de ressignificar completamente lembranças anteriores.
Os trabalhos nos convidam também a percebê-los visualmente de forma gradual: as peças se constituem pela superposição de múltiplos planos vazados. Camadas de estruturas modulares de tecido colorido e estofadas produzem concavidades e volumes sinuosos através do acúmulo e sobreposição. Cada forma parece nascer de dentro de outra, e de outra. Uma cor nasce depois de outra ter se repetido algumas vezes por dentro de si mesma criando um campo vibracional próprio. Camadas coloridas se multiplicam e sedimentam-se no espaço, como o gesto pictórico sobre uma superfície plana ou como na natureza se produzem as diferentes camadas estratigráficas de uma montanha designando as diferentes idades da Terra.
Aos poucos, Imagens preenchedoras nos propõe a possibilidade de adentrar um diálogo cósmico operado no contato dos corpos vivos com a matéria, com o mistério dos inícios, dos fins e a memória infinita do tempo. Poderíamos então, segundo este exercício de imaginação, adentrar um espaço sem tempo definido, contudo, preenchido de todas as camadas temporais imagináveis. Estes sedimentos produzem ritmos e temporalidades próprias ao passo que os nomes que designam cada obra nos sugerem imagens variadas de seres existentes ou imaginários, sensações corporais, paisagens, objetos cósmicos, ferramentas de orientação, oferendas, objetos feitos para proteção, objetos de devoção.
Deparamos com esta inquietação diante do tempo presente nas coisas num texto escrito pela artista em 2022 em que ela descreve uma caminhada ao escalar uma montanha. Seu texto nos conta também do processo geológico que determina a criação destas formações: montanhas nascem nas fendas, no encontro entre uma placa tectônica e outra. Ou seja, montanhas nasceriam, segundo tal imagem, do vazio existente entre duas placas.
Imaginar a montanha como um ente vivo, pulsante, ou como parte (ou parente) de um organismo ainda maior ressoaria em tudo o que sobre ele se apoia. Uma montanha que um dia esteve submersa num grande oceano guarda em seu interior conchas que parecem hoje estrangeiras à paisagem árida e fria que habitam. A concha carrega consigo a memória fóssil de uma era aquática, embora esteja agora muito longe dessa antiga casa marinha. Nossa capacidade de tocar por um instante estas outras dimensões temporais, espaciais e simbólicas nos mostra que a fabulação nos atravessa em forma de perguntas dirigidas tantas vezes ao invisível. Porque “toda forma guarda uma vida”, diria Gaston Bachelard. E toda vida necessita de um sopro mágico que preencha sua forma, encantando-a, do contrário, não seria vida.
Se para Jorge Luis Borges a escrita e a leitura nos apartam do mundo pela possibilidade de produzir universos fantásticos paralelos ao imaginar o que não existe ou que todavia não conhecemos, podemos pensar que também um movimento inverso é desempenhado pela experiência da arte ao nos conectar diretamente ao núcleo vital das coisas mais prosaicas que habitam o cotidiano, as relações e o mundo. Pensar sobre as tais Maravilhas das Coisas e Aspectos Milagrosos das Coisas Existentes é também disponibilizar-se a perceber e implicar-se de alguma forma com esta interdependência inevitável, por vezes terrível e também fecunda que delimita nossa existência material e anímica entrelaçando todos os seres.
Desirée Feldmann convoca, assim, uma memória encantada e fértil das coisas, das maravilhas ocultas pelo desespero dos tempos, reunindo-as sob formas macias, ressonantes e dispersas: um óculos de mergulho, um relógio, uma concha, uma flor como oferenda, um mirante na montanha, um farol, um totem, uma vênus e uma lua nos levam a uma longa travessia pelas palavras, seus mundos e pela matéria vibrante fora delas, perto de nós. Imagens Preenchedoras reivindica a possibilidade de ativar os sentidos mágicos presentes numa produção primordial da poesia que conforma a experiência humana. — Yana Tamayo.
Serviço
Exposição | Imagens preenchedoras
De 10 de agosto a 09 de outubro
Segunda a Sexta, das 10h às 19h, sábados, das 11h às 16h
Período
10 de agosto de 2024 10:00 - 9 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Luis Maluf
Rua Peixoto Gomide, 1887 Jardins, São Paulo - SP
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A partir do dia 10 de agosto, a Arte132 Galeria apresenta a exposição “Transmutação e metáforas do inconsciente” do escultor italiano Renato Brunello, com curadoria de Laura Rago. Em sua segunda mostra
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A partir do dia 10 de agosto, a Arte132 Galeria apresenta a exposição “Transmutação e metáforas do inconsciente” do escultor italiano Renato Brunello, com curadoria de Laura Rago. Em sua segunda mostra individual na galeria, a produção de Brunello reflete a fusão entre a tradição escultórica italiana e a cultura brasileira. A mostra com 22 obras, todas inéditas, traz a adaptabilidade dos materiais utilizados, abrangendo novas concepções sobre seu manuseio.
Desde meados dos anos 1970, Renato Brunello, radicado no Brasil, incorporou em sua produção artística as influências da arte e da cultura popular nordestina, como o artesanato e o folclore, além das características da arquitetura vernacular pelo uso de materiais locais e técnicas construtivas tradicionais. Formado na Escola de Artes e Ofícios, em Veneza, Brunello trabalha com mármore e madeira em suas criações, transgredindo a maneira convencional de utilizar esses materiais ao incorporar a força expressiva da técnica e a adequabilidade do trabalhador de ofício. “A escultura deve necessariamente se relacionar com a dinâmica do espaço, articulando volumes de maneira a criar uma interação fluida e expressiva com o ambiente”, diz Brunello.
As obras de Brunello rejeitam a classificação tradicional da arte, que se apoia na separação do abstrato versus o figurativo ou engajamento versus “arte pela arte”. Nelas, o elemento abstrato evoca o figurativo, ao mesmo tempo que a beleza da forma provoca reflexões. Cada peça conta uma história que se revela a quem observa. A apreciação da arte contemporânea exige essa imersão no universo do artista. “A ocupação do espaço é vital para gerar pontos dinâmicos e dialogar eficazmente com o próprio espaço”, afirma o artista, comparando a composição espacial da escultura a um passo de dança.
Nesta exposição, as produções proporcionam leituras para a compreensão da intenção criativa de Brunello, consciente ou não. Essa visão integra a subjetividade do artista à exterioridade do mundo. As esculturas de pequeno porte, como “Gufo Rosa” (2024), carregada de camadas de significado metafórico, trazem à memória a coruja de Minerva, presente na mitologia romana, e evocam a ideia de renovação e transformação constante. A escolha dos materiais, como mármore rosa de Portugal e madeiras massaranduba e garapeira, evidencia a habilidade técnica do artista, ressaltando a ambiguidade das texturas alcançadas.
“Conceitos relativos a uma ampliação do campo da escultura são perceptíveis no eixo da produção axiomática do artista, que passou a abranger novas concepções, flertando com a metáfora e o simbólico”, escreve Laura Rago. “O resultado são obras tridimensionais que evocam a fauna e a flora do Brasil, ao mesmo tempo que ressaltam a expertise do artista no manejo da matéria”, completa a curadora.
Renato Brunello continua a explorar a relação entre o vazio e o cheio em suas esculturas, como em “Contorção” (2005) e “Ponto e Contraponto” (2023), criando uma interação entre presença e ausência. Essa interação convoca o espectador ao deslocamento corpóreo e imaginativo, permitindo uma experiência estética que transcende a simples observação visual. Suas esculturas podem ser experimentadas como um sistema de comunicação, que produz e reproduz signos a partir do seu imaginário
Serviço
Exposição | Transmutação e metáforas do inconsciente
De 10 de agosto a 26 de outubro
Segunda a sexta, das 14h às 19h. Sábados, das 11h às 17h
Período
10 de agosto de 2024 14:00 - 26 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
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A exposição “Olho do Peixe” reúne 25 imagens realizadas ao longo de 25 anos de carreira do fotógrafo, que já viajou o mundo captando imagens de surfistas, ondas e campeonatos.
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A exposição “Olho do Peixe” reúne 25 imagens realizadas ao longo de 25 anos de carreira do fotógrafo, que já viajou o mundo captando imagens de surfistas, ondas e campeonatos. Dentre os destaques, estão imagens de atletas como Gabriel Medina, a brasileira Tatiana Weston-Webb, e um registro histórico dos campeões Kelly Slater e Andy Irons.
“É bastante interessante para o MAB FAAP entrar neste universo mais jovem, tanto pelo tema quanto por usar uma tecnologia atual – o Aleko fotografa com o celular –, atrair novos públicos e tornar a arte mais acessível, inclusive para nossos próprios alunos. Esta exposição do Aleko nos pareceu a mostra ideal para dialogar tanto com uma geração que está se aproximando do universo da cultura, como com os mais entendidos e apreciadores de arte. Vemos um potencial incrível nesta exposição, que traz fotografias impactantes que, com certeza, vão atrair todos os públicos”, afirma Fernanda Celidonio, diretora administrativa do MAB FAAP.
A exposição começou a ser desenhada há cinco anos. Desde o princípio, o surfista, jornalista e curador Fernando Costa Netto estava nos planos de Stergiou para assinar a curadoria. Foi ele quem abriu para Stergiou as portas do mundo da fotografia profissional e permitiu a ele apurar o olhar para além do surfe. “A exposição conta minha história de dedicação ao mar, de um vínculo eterno com a natureza e fala do meu amor incondicional à fotografia e à arte”, resume Aleko Stergiou.
Tendo começado a fotografar o surf nos anos 1990, Aleko já viajou para diversos países como Havaí, Taiti, Indonésia, Espanha, Grécia, entre muitos outros. Um dos destaques da exposição, citado acima, é a imagem considerada “icônica” pelo próprio fotógrafo, do registro dos campeões e rivais Slater, que acaba de anunciar a aposentadoria aos 52 anos, e Andy Irons, morto em 2010 com três títulos mundiais, num tubo. A imagem foi feita com câmera analógica. Stergiou credita à era analógica a sua capacidade de conseguir a foto decisiva: um rolo de 36 poses o ensinou a economizar cliques e esperar o momento certeiro. “É o que moldou o meu click seletivo de hoje.”
Do analógico ao celular
A chegada do digital pediu um novo salto, e de um rolo de 36 imagens feitas em um dia, ele passou a 1.000 – e a quantidade o tornou também editor. Hoje, ele usa o iPhone. “A câmera está 24 horas comigo. Isso aguça meu olhar e me possibilita captar uma cena a qualquer momento”. Stergiou é o primeiro profissional brasileiro a fotografar o surfe, seu entorno e sua cultura, com a câmera do celular. “O resultado é surpreendente. Como curador, selecionando o material desta exposição – uma privilegiada viagem na minha memória de velho surfista – me vi muitas vezes com os olhos encantados de uma criança”, diz Costa Netto.
Reconhecido mundialmente, Stergiou deu as primeiras clicadas em Maresias. “Ali aprendi a gostar de tubo, minha manobra favorita, e aprendi a fotografar”, lembra. Com ondas tubulares, pesadas, consistentes, como define o fotógrafo, Maresias não foi apenas a grande escola, mas representa a realização de um sonho de infância. “Eu recortava imagens de revistas e colava nas capas do meu caderno de escola”. A praia paulista, que o preparou para as ondas de Fernando de Noronha e Saquarema, segue sendo um grande centro de treinamento. “Até hoje, com o mar mais difícil, eu apanho”. Mas é no Tahiti que o coração dele surfa melhor, para onde ele já foi 26 vezes – contra duas visitas ao Havaí. “A Polinésia é o lugar mais plástico, fotogênico, um estúdio a céu aberto”, diz. Isso não significa que necessariamente virão dali as ondas mais perfeitas. “Se eu estiver bem posicionado, pode ser 2 pés ou 20 pés de onda, o que conta é o envolvimento com o mar, o oceano é quem manda”, afirma o fotógrafo.
Serviço
Exposição | Olho de Peixe
De 13 de agosto a 06 de outubro
Terça a domingo das 09h às 20h, última entrada às 19h30
Período
13 de agosto de 2024 09:00 - 6 de outubro de 2024 20:00(GMT-03:00)
Local
Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP)
R. Alagoas, 903 – Higienópolis, São PAulo - SP
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A mostra Ofício: Barro: Gabriella Marinho – Argila-Griô reúne, no Sesc Pompeia, 25 trabalhos, cerca de metade deles inéditos, criados a partir de 2017 pela artista visual, educadora e
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A mostra Ofício: Barro: Gabriella Marinho – Argila-Griô reúne, no Sesc Pompeia, 25 trabalhos, cerca de metade deles inéditos, criados a partir de 2017 pela artista visual, educadora e pesquisadora que, em suas esculturas e instalações, reflete sobre corporeidade e subjetividade, explorando tanto as relações entre as peças e o espaço, quanto a plasticidade pictórica que a pintura oferece sobre esse material.
Desde sua criação em 2019, o projeto Ofício, desenvolvido no Galpão das Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia, tem se destacado como um espaço inovador para a exploração e valorização de diversas formas de expressão artística. A edição de 2024, intitulada Ofício: Barro, celebra a argila como um material fundamental na criação de utensílios e obras de arte que moldaram culturas milenares, desde a Mesopotâmia até o Egito Antigo. A modelagem do barro não só preserva tradições ancestrais, mas também se revela uma poderosa ferramenta para expressar reflexões e sensibilidades contemporâneas.
Gabriella Marinho, com sua participação no projeto Ofício, destaca a importância da arte em argila não apenas como forma de expressão, mas também como meio educativo e transformador. Primeira individual da artista fluminense em São Paulo, Argila-Griô demonstra como a argila pode ser utilizada para revisitar e reinterpretar narrativas, oferecendo novas perspectivas sobre questões de identidade e memória.
No espaço expográfico de Ofício: Barro: Argila-Griô, Gabriella Marinho e a curadora, Renata Felinto, estabelecem cinco eixos temáticos: Território; Corpo; Ritual; Memória; e Transformação. Reunindo pinturas, esculturas, mosaicos, fotografias e uma videoperformance, o conjunto de obras expostas, que envolve técnicas mistas como artes gráficas, tapeçaria, cerâmica, gravura, maquetes e marcenarias, é composto de trabalhos individuais e representativos de séries como Caminhos, Maré Mexida, Pedras, Declive, Cobogó, Porcelana e Acordelar. Dentre as obras que serão apresentadas na mostra, uma delas será desenvolvida em colaboração com a artista e a equipe de Ação Educativa da exposição.
Serviço
Exposição | Ofício: Barro: Gabriella Marinho – Argila-Griô
De 13 de agosto a 08 de dezembro
Terça a sexta, das 10h às 21h, sábado, domingos e feriados, das 10h às 18h. Grátis. Livre
Período
13 de agosto de 2024 10:00 - 8 de dezembro de 2024 21:00(GMT-03:00)
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Marli Matsumoto Arte Contemporânea tem o prazer de anunciar a abertura da exposição “O que é…?” do artista Ricardo Basbaum, com texto crítico de Luiza Interlenghi.
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Marli Matsumoto Arte Contemporânea tem o prazer de anunciar a abertura da exposição “O que é…?” do artista Ricardo Basbaum, com texto crítico de Luiza Interlenghi.
“O que é…?” apresenta uma seleção de trabalhos realizados entre 1984 e 2024, alguns trazidos a público pela primeira vez, outros muito pouco vistos. O percurso apresentado envolve a utilização de diversos suportes e recursos, indicando o interesse recorrente do artista em construir as intervenções em proximidade com o campo comunicativo, adotando recursos de repetição, estruturas recursivas e a mobilização do discurso em dispositivos de visualidade, sonoridade e oralidade.
“A marca Olho [1984] recupera minha atuação nos anos 1980, evocando proximidade com a indústria cultural e a sociedade de controle, buscando reagir à crise de valor frente aos automatismos do hábito e do consumo, abrindo o caminho para, a partir de 1990, o desenvolvimento do projeto NBP – Novas Bases para a Personalidade: desde então, venho adensando as camadas conceituais do trabalho, movendo-me através de um signo recorrente e repetitivo, ao mesmo tempo visual e verbal e, por isso mesmo, sonoro. A forte oralidade, presente em vídeos e diagramas, é também instrumento para trabalhos coletivos que mobilizam a voz enquanto índice de encontros e entrechoques – de corpos com a fisicalidade dos trabalhos e também entre si. O visitante é convidado a ingressar em uma dinâmica performativa, que não permite indiferença, ao se perceber envolvido em jogos de captura a partir dos quais constrói sua relação com as obras expostas: “sentar, saltar, atravessar”, mas também caminhar, escutar, ler e ver, em deslocamento. “O que é…?” apresenta algum esforço de aproximação com o visitante, fazendo com que as obras construam diversos graus de proximidade e distância, seja dos objetos, sons e imagens, seja da ideia mesma de exposição enquanto território de mobilização dinâmica dos sentidos: o que se propõe é que a pergunta seja construída junto à pele, na vertigem de encontro com as coisas – “o que é…?”, lançado enquanto indagação geral e aberta, é apenas um indicativo para a produção incessante do assombro em cada instante de ação do corpo vivo, de modo inconforme. O que é…?”.
Ricardo Basbaum
Serviço
Exposição | O que é…
De 13 agosto a 11 outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 12h às 17h
Período
13 de agosto de 2024 11:00 - 11 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Marli Matsumoto Arte Contemporânea
Rua João Alberto Moreira, 128, Vila Madalena, São Paulo - SP
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A Galeria Leme apresenta Ruptura da Trama, primeira exposição individual da artista Elisa Sighicelli no Brasil. A mostra apresenta uma instalação site-specific com 14 fotografias inéditas, todas tiradas em São
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A Galeria Leme apresenta Ruptura da Trama, primeira exposição individual da artista Elisa Sighicelli no Brasil. A mostra apresenta uma instalação site-specific com 14 fotografias inéditas, todas tiradas em São Paulo. Sighicelli se preocupa com a construção de imagens e a fenomenologia da visualização, explorando as possibilidades do meio. Além de meros registros fotográficos, suas obras geralmente respondem ao contexto e transfiguram detalhes ignorados através das qualidades esculturais que definem o espaço da luz. Ao focar nestes detalhes, a artista desafia a hierarquia estabelecida, trazendo o que aparentemente é insignificante para o primeiro plano.
Em uma visita a São Paulo no ano passado, a convite da galeria, Sighicelli ficou impressionada com o fato de que o icônico edifício Copan estava escondido há anos por trás de uma rede protetora. Essa rede, juntamente com as paisagens urbanas desfocadas além dela, tornou-se o assunto de sua nova série de fotografias, apresentada em uma instalação site-specific composta por três estruturas modulares projetadas pela artista para exibir as obras. O design dessas estruturas replica o padrão da grade dos painéis de concreto das paredes da galeria.
A exposição explora o conceito da grade modernista abstrata, vista na realidade da rede do Copan, no padrão das paredes da galeria, no design das estruturas de exibição e na paisagem urbana de São Paulo. A grade é igualmente literal e metafórica.
Ao explorar a arquitetura do edifício Copan, Sighicelli notou rasgos – rupturas – na trama de sua rede protetora. Ao colocar a rede em primeiro plano, essas ‘rupturas’ foram traduzidas em suas fotografias como portais para observar o cenário da cidade. Elas também aludem a uma ‘ruptura’ na ideia de perfeição da grade modernista abstrata, destacando como a realidade interrompe o projeto inacabado do Modernismo.
A artista manipula digitalmente suas imagens para enfatizar suas qualidades pictóricas, ao mesmo tempo que foca na qualidade material das fotografias. As obras maiores são impressas em um tecido selecionado por sua qualidade luminosa. As costas das obras são forradas com tecido monocromático, cujas cores foram criadas propositalmente pela artista para corresponder aos efeitos cromáticos das fotografias. O verso e o reverso são colocados em diálogo direto na exposição, à medida que as fotografias, penduradas nas estruturas independentes, são voltadas para ambos os lados. A percepção do espectador sobre a fisicalidade das fotografias e a coreografia cuidadosa da experiência expositiva são centrais para a pesquisa da artista.
Lorenzo Fusi, diz: “O novo corpo de obras de Elisa Sighicelli é quase retro futurista, na maneira como posiciona ambiguamente a fotografia na interseção de diferentes disciplinas, ao mesmo tempo que desafia sua linguagem e convenções.”
Serviço
Exposição | Ruptura da Trama
De 15 de agosto a 28 de setembro
Terça a sexta de 10h às 19h, sábados 10h às 17h
Período
15 de agosto de 2024 10:00 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Leme
Av. Valdemar Ferreira, 130 - São Paulo - SP
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Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresenta a exposição “Viagem Pitoresca pelo Brasil”, com dezenove fotografias em grande formato, recentes
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Nara Roesler São Paulo tem o prazer de apresenta a exposição “Viagem Pitoresca pelo Brasil”, com dezenove fotografias em grande formato, recentes e inéditas, de Cássio Vasconcellos, resultado de três anos de incursões do artista dentro da mata atlântica nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. A curadoria é de Ana Maria Belluzzo, crítica e pesquisadora, professora titular de História da Arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade de São Paulo. O evento integra o Circuito Jardim Europa, que acontecerá neste dia.
Na abertura, no dia 17 de agosto, às 11h, será lançado o livro “Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil” (Fotô Editorial, 2024), com 192 páginas, formato 32 x 23,5cm, e textos da curadora e pesquisadora Ângela Berlinde, do historiador Julio Bandeira e do botânico Ricardo Cardim.
O processo de trabalho de Cássio Vasconcellos abrange muitas viagens, “muita lama e carrapato”, e depois um extenso e minucioso trabalho de pós-produção da fotografia, de modo a “limpar” o excesso de informações carregadas pela imagem da floresta, e assim obter o resultado desejado. “Gosto de explorar muito os limites da fotografia. É isso que me interessa como linguagem”, diz.
DIÁLOGO COM OS ARTISTAS VIAJANTES
O título da exposição faz referência aos primeiros registros conhecidos das florestas brasileiras, iniciados pelo aristocrata e arqueólogo francês Conde de Clarac (1777-1847), com seu desenho “Floresta Virgem do Brasil”, gravado em metal por Claude François Fortier (1775-1835), em 1822, referência para os chamados “artistas viajantes” do século 19, integrantes da Missão Artística Francesa, como Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que ao voltar à França publicou “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil” (1834-1839).
Diferentemente dos artistas viajantes, Cássio Vasconcellos precisa encontrar o enquadramento certo. “Os artistas do século 19 pegavam uma cena que podiam depois acertar no ateliê, tirar por exemplo uma palmeira que estava atrapalhando a imagem”, compara. “A floresta é muito difícil de fotografar. É uma confusão visual tremenda, porque são infinitos planos. É muita informação de uma vez só. E é muito fácil cair na banalidade. São muitos quilômetros de caminhada para achar o ângulo perfeito, e muitas vezes levo um dia inteiro para fazer uma foto. Ao contrário do que muita gente imagina, eu prefiro dias nublados e até com um chuvisco. A luz do sol na floresta não é boa, estoura nas altas luzes, e na sombra fica preto. Sob o nosso sol tropical, a luz é uma paulada”, explica.
Cássio Vasconcellos usa equipamento digital, e após o registro feito na floresta, ele trabalha com muitas camadas de pós-produção. “Dou uma dessaturada. Os tons variam: às vezes ficam mais ou menos verdes, ou uma sépia. Uma cor mais esmaecida, algo intermediário”. “São muitas etapasno ateliê, para se chegar ao resultado”.
O curador e pesquisador Theo Monteiro salienta que “é muito difícil fotografar mata fechada, e com o tratamento feito por Cássio ele consegue criar um tipo de representação que lembra muito o que os viajantes estrangeiros faziam – Clarac, Rugendas (1802-1858), Thomas Ender (1793-1875) – só que é fotografia”. “Com este tratamento muito requintado e elaborado, ficamos na dúvida por alguns instantes se é fotografia ou gravura, que é uma ideia da fotografia e da arte contemporânea: de que meio estamos falando? Até que ponto aquele meio é verídico ou não, se é real ou imaginário? Não é simplesmente uma releitura de um trabalho acadêmico. Tem um jeito de fazer um enquadramento no olhar que fica compreensível. Por mais panorâmico que seja o trabalho do Cássio, você consegue identificar cada um dos elementos. Tem um naturismo, um detalhismo. Não é simplesmente bater uma foto da mata”, afirma.
Cássio Vasconcellos ressalta: “Não tenho a preocupação de revisitar os locais feitos pelos artistas viajantes, e até nem seria possível, com a transformação havida na paisagem desde então”.
Para o público perceber este diálogo proposto pelo artista com os pintores viajantes, estarão na exposição reproduções em alta qualidade das obras “Fôret Vierge Du Brésil” (“Floresta Virgem do Brasil”),1822, buril, 68 x 87 cm, gravura em metal de Claude Francois Fortier a partir de desenho do Conde de Clarac; “Forêt Vierge (Le bords du Parahiba)” e “Valle da Serra do Mar” (“Chaine de Montagnes près de la Mer), litografias de Charles Motte (1784-1836), a partir de desenhos de Jean-Baptiste Debret, presentes na edição de “Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil”, Paris, Firmin Didot Frères, tomo I,1834.
IMERSÃO NA FLORESTA
No fundo do salão com pé direito duplo, haverá um painel curvo, com três metros de altura e doze de largura, com a imagem de uma figueira no Rio Grande do Sul, que vai preencher metade da sala, “para a pessoa ter uma certa imersão”, destaca o artista. A fotografia original também estará na exposição, emoldurada.
A expografia abrange duas paredes que serão construídas na primeira sala, para receber as fotografias.
“É uma grande homenagem às florestas, tanto o livro como a exposição. Muitas dessas florestas eu fui com o Cardim, que é uma enciclopédia ambulante, um botânico muito ligado na questão ambiental, da destruição que foi feita, dos remanescentes. Uma aula em que vamos aprendendo o que fizeram contra as florestas”, destaca o artista.
Ana Maria Belluzzo, no texto que acompanha a exposição, destaca que “o artista apura valores inerentes à fotografia, acentua e transforma registros do real, que são interpretados com aplicação de recursos de edições digitais”. “A imagem ganha teor expressivo ao aparecer revestida de dimensões plásticas, gráficas, táteis”, observa. “Sob comando da escrita da luz, os raios luminosos emitidos pela vegetação chegam até nós. Vistas em contraluz introduzem o sujeito/observador no interior da mata. Em contrapartida, o desfoque do fundo das fotos e o aspecto turvo de entes vegetais, em destaque, tendem a recriar cenários enigmáticos, até fantásticos. Motivam sensações oníricas. A visão da natureza nos escapa. A irrealidade da paisagem também se insinua pela extrema limpidez de pormenores ampliados. Imagens nos transportam para um mundo fantástico, por vezes fantasmático”.
Um vídeo sobre o processo de Cássio Vasconcellos, feito em 2019, pode ser visto pelo link https://www.youtube.com/watch?v=g03O0eTahJ4.
Serviço
Exposição| Cássio Vasconcellos – Viagem Pitoresca pelo Brasil
De 17 de agosto a 12 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 11h às 15h
Período
17 de agosto de 2024 10:00 - 12 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Nara Roesler - SP
Avenida Europa, 655, São Paulo - SP
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A mostra traz como título, o artificio usado para empinar pipa, uma lembrança afiada da infância de Fabricio. A mão, que já foi cortada pelo cerol, é a mesma que
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A mostra traz como título, o artificio usado para empinar pipa, uma lembrança afiada da infância de Fabricio. A mão, que já foi cortada pelo cerol, é a mesma que corta e cava a madeira na xilogravura.
Fabricio Lopez tem um trabalho expressivo dentro desta técnica, em sua trajetória, é constante a produção em grande formato, e o caráter pictórico que as xilogravuras assumem na abordagem das camadas e das cores trabalhadas na impressão manual. Cerol apresenta uma antologia do trabalho recente do artista na qual apresenta xilogravuras em papel kozo, em maiores formatos, como Carcaça, Um sopro firme e gentil através do corte e Nós em duas estações (eu e ela), e a série Budas da Várzea, inspiradas na série, de 1939, do mestre japonês Munakata Shikô, celebrando a fusão entre a tradição da xilo e a perspectiva contemporânea.
Serviço
Exposição | Cerol
De 17 de agosto a 28 de setembro
Segunda a sexta, das 10h30 às 19h, sexta e sábado, das 11h às 16h
Período
17 de agosto de 2024 10:30 - 28 de setembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Marilia Razuk
Rua Jerônimo da Veiga, 62 – Itaim Bibi, São Paulo - SP
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Partindo da característica autobiográfica, traço marcante na obra do artista José Leonilson, a exposição coletiva A confissão, o diário e o retrato têm como objetivo investigar como outros artistas contemporâneos
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Partindo da característica autobiográfica, traço marcante na obra do artista José Leonilson, a exposição coletiva A confissão, o diário e o retrato têm como objetivo investigar como outros artistas contemporâneos utilizam o confessional, o diário e o autorretrato para revelar aspectos íntimos de suas vidas e psiques.
“A ideia surgiu com a proposta de fazer a mostra sobre (e não do) Leonilson. Todos leem a sua obra ao contrário, como se ele tivesse começado a fazer os diários e apontamentos sobre o cotidiano depois de se descobrir HIV positivo. Ele já operava nessa chave”, afirma o curador que pensou no título quando estava selecionando os núcleos da mostra.
A exposição convida o público a mergulhar na intimidade dos artistas proporcionando uma experiência reflexiva e pessoal sobre as muitas maneiras como a arte pode espelhar e moldar nossa compreensão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
Serão apresentados, uma escultura de Débora Bolzsoni, fotografia de Maria Laet; desenhos e pintura de Panmela Castro; mixed meia de Guerreiro do Divino Amor; pintura de Sérgio Romagnolo e Vinicius Gerheim; vídeo e fotografia de Seba Calfuqueo; Trabalho em tecido de Johanna Calle e um Políptico de Rafael Alonso.
“Seu legado é importantíssimo, pois seu trabalho é sobretudo muito político e levantou questões como saúde, escolhas de vida/ sexualidade, e ter se dedicado totalmente a arte, sem fazer concessões”, diz o curador que é membro do Conselho Curatorial do Solar dos Abacaxis, no Rio de Janeiro.
Ademar Britto é curador com formação em Estudos Curatoriais pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, além de ter frequentado como aluno especial o Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Tem realizado textos críticos e exposições tanto de artistas emergentes quanto de artistas históricos. É curador do programa SOLO da Feira de Arte do Rio de Janeiro – ArtRIO desde 2022. Membro do Conselho da Plataforma Internacional Contemporary&.
Também é médico com formação sanduíche na Universidade do Estado do Amazonas e Université René Descartes-Sorbonne Paris V, especializado em Cardiologia e Mestre em Ciências Cardiovasculares pelo Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro.
Serviço
Exposição | A confissão, o diário e o retrato
De 17 de agosto a 05 de outubro
Segunda a sexta, das 10h30 às 19h, sábado, das 11h às 16h
Período
17 de agosto de 2024 10:30 - 5 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Marilia Razuk
Rua Jerônimo da Veiga, 62 – Itaim Bibi, São Paulo - SP
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É com muito entusiasmo que a Galeria Carmo Johnson Projects apresenta a primeira exposição individual da artista Naine Terena, “O começo de tudo”, com abertura no dia 17/08, sábado, em
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É com muito entusiasmo que a Galeria Carmo Johnson Projects apresenta a primeira exposição individual da artista Naine Terena, “O começo de tudo”, com abertura no dia 17/08, sábado, em seu espaço localizado no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo.
“O começo de tudo” conta com um sensível ensaio curatorial escrito por Luciara Ribeiro, educadora, pesquisadora e curadora, que menciona: “Naine Terena tem atuado com enorme contribuição para áreas da curadoria, crítica de arte, educação e a gestão pública cultural-educacional. A exposição Véxoa, nós sabemos, curada por Terena, exibida em 2020, na Pinacoteca de São Paulo, se tornou um marco referencial na história da instituição e das artes nacionais, sendo reconhecida como uma das principais mostras recentes das produções indígenas contemporâneas. Diferente do lugar ocupado em Véxoa, na exposição O começo de tudo, pela primeira vez, a sala expositiva não será pensada por Naine Terena para abrigar trabalhos de outros artistas, mas sim as suas produções artísticas. Aqui, ela nos aproxima de uma faceta ainda pouco conhecida, a de artista”.
A exposição nos possibilita apreender um pouco do começo da produção artística de Naine, que tem início na década de 1990, a partir das manualidades e das artes cênicas. Com essas referências a artista imprime tanto na expografia distribuições instalativas das obras, inspiradas nos encontros da cena teatral, tanto na confecção das obras têxteis, compondo então, os seguintes núcleos: Os outros; Eu sou uma árvore; Admirável mundo novo e Antes o mundo não existia.
Naine Terena confecciona uma série de “Máscaras” (2024) aproveitando elementos da técnica da tecelagem e os recodifica, para criar obras têxteis que materializam os ‘outros’ – tudo aquilo que habita este mesmo tempo-espaço mas não é identificado ou passa despercebido aos olhos humanos. Com base em processos de tecelagem comuns entre as populações Terenas. Seu trançado, diferente do usualmente presente na manualidade têxtil Terena, não busca a rigidez do planejado, da perfeição, do enquadramento e do calculado, ao contrário, visa ressaltar a noção do imperfeito, incompleto, insuficiente, inacabado. São linhas soltas, cortes sinuosos, pontos saltados, onde são incorporados restos de objetos que ela encontrou durante o processo da feitura, descartes jogados no solo, lixos, indícios do desprezo que a sociedade atual tem praticado com a saúde da terra. Em “Vovó” (2024), ela aprofunda o contato entre ciclos de tempo, entre o falar do agora com o escutar dos que vieram antes. Com a sabedoria proferida pelo tempo do presente e o tempo dos mais velhos, a artista-pesquisadora cria uma vovó entrecruzada por fitas, fazendo do gesto dançado dos dedos o firmamento para a presença de uma exuberante vovó, de enormes tentáculos que a eleva ao mesmo tempo que a apruma no chão.
Já a série “Eu sou uma árvore” é um experimento para a produção de uma materialidade dos pensamentos que conectam a humanidade a tudo aquilo que habita o mundo animal, vegetal e cosmológico. Naine Terena costuma lembrar que: Era um fim de tarde, no ano de 2020, quando sentei ao fundo da minha casa e tirei foto de uma das minhas plantas. Comecei a mexer nela a partir de inúmeros filtros, até que em um deles vi um pequeno sorriso que me gerou o pensamento: eu sou uma árvore! [Naine Terena]
O conjunto ‘Admirável mundo novo’, ou ‘um boot necessário’, cria a partir de um conjunto de sete latas de atum, que tem como conteúdo imagens feitas a partir da inteligência artificial, como a tecnologia reconhece ‘riqueza’, pobreza no Brasil, bem viver. As imagens parecem dialogar com fatos da vida real, como o ‘tokenismo’, o racismo ambiental, os locais de lazer particulares, o empobrecimento de uma boa parcela da população, refletindo se é hora de um boot necessário.
Por fim, o conjunto de vídeos, “Antes o mundo não existia” faz uma alusão às muitas histórias e cosmologias indígenas, utilizando o nome da obra literária escrita por de Umusi Pãrõkumu e Tõrãmu Kehíri, indígenas da região amazônica, para abordar a criação do mundo na perspectiva indígena e suas relações com presente e futuro. As imagens das cacas de coco, trazem constelações, importantes para os povos indígenas, ações climáticas, cores e formas que representam o mundo de antes e o mundo de agora. O mundo antes deste mundo, que nossos troncos velhos nos ensinaram a conviver em equilíbrio, e o mundo de hoje, onde as relações parecem ter sido rompidas por grande parte da população.
Em “O começo de tudo”, a exposição, ficamos diante da possibilidade de pensar, ver e rever nossas existências individuais e coletivas, os conhecimentos adquiridos e preservados, as relações e paisagens que nos circundam, os diversos paradoxos que não conseguimos responder e os mistérios de um mundo em movimento. Colocando a razão, o pensamento cartesiano, a racionalidade em ponto de diálogo com as cosmologias, com saberes e contra narrativas, a serviço de refletir sobre o que acontece agora? Como será depois de amanhã, de amanhã? Onde é o começo de tudo?
Serviço
Exposição | O começo de tudo
De 17 de agosto a 5 de outubro
Terça à sexta, 11h às 17h, sábados sob agendamento
Período
17 de agosto de 2024 11:00 - 5 de outubro de 2024 17:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Carmo Johnson Projects
Rua Anunze, 249 - Boaçava, Alto de Pinheiros, São Paulo - SP
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O trabalho de Gisela Colón explora as interconexões entre ecofeminismo, histórias coloniais e as forças universais da natureza. Sua prática artística busca transformar o pessoal em universal, seguindo uma trajetória
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O trabalho de Gisela Colón explora as interconexões entre ecofeminismo, histórias coloniais e as forças universais da natureza. Sua prática artística busca transformar o pessoal em universal, seguindo uma trajetória elíptica que começa com o início dos tempos, a primeira luz primordial que criou a vida na Terra. Colón atravessa a violência da existência humana, processando experiências de opressão contra humanos, animais e a natureza, retornando catarticamente ao mundo natural em busca de respostas, utilizando uma linguagem de regeneração transformadora.
Colón utiliza sua arte para abordar as dolorosas realidades da violência armada, do feminicídio e da violência coletiva que presenciou durante sua juventude em Porto Rico. Em suas obras, ela canaliza essas experiências traumáticas, transformando-as em metáforas de renovação e resiliência. Observando e aprendendo com os processos de cura e regeneração, Colón desenvolveu uma estética que incorpora a vitalidade e a força dos elementos naturais, como exemplificado em suas esculturas monolíticas que simbolizam a transformação de balística em montanhas metamórficas, a Balística Holística.
A artista se apropria de materiais de alta tecnologia, frequentemente associados a funções militares, transformando-os em veículos de luz, vida e transcendência. Essa transmutação de materiais destinados à opressão em objetos que canalizam energia positiva subverte suas conotações originais. Com essa abordagem crítica, o espectador é desafiado a reconsiderar a relação entre tecnologia e a capacidade transformadora da arte.
Plasma, o quarto estado da matéria, reflete seu conceito de criação sob pressão extrema, emergindo como luz incandescente. Suas esculturas capturam e refratam a luz, criando uma cor estrutural que remete às cores naturais encontradas em besouros escaravelhos, conchas de abalone e mariscos pré-históricos. Esses elementos enfatizam a conexão entre a arte de Colón e a história primordial da vida na Terra, destacando a transformação da energia solar em energia química como a centelha inicial de vida.
Colón nos lembra que todas as respostas vêm do mundo natural. A energia da Terra e as leis da física oferecem um guia sobre como reparar os caminhos quebrados da humanidade e retornar a uma simbiose equilibrada de coexistência na Terra. Sua arte atua como um manifesto para o pós-Antropoceno, convidando-nos a nos reconectar com nossas origens universais e abraçar um futuro de regeneração com a natureza.
Marcello Dantas
Serviço
Exposição | O quarto estado da matéria
De 21 de agosto a 19 de outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h
Período
21 de agosto de 2024 11:00 - 19 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo - SP
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A Gomide&Co tem o prazer de apresentar a primeira individual de Megumi Yuasa (São Paulo, 1938) na galeria, que inaugura no dia 22 de agosto, às 18h. A exposição tem
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A Gomide&Co tem o prazer de apresentar a primeira individual de Megumi Yuasa (São Paulo, 1938) na galeria, que inaugura no dia 22 de agosto, às 18h. A exposição tem projeto concebido pela parceria entre o artista Alexandre da Cunha, a arquiteta Jaqueline Lessa (entre terras) e a pesquisadora Rachel Hoshino, que também assina o texto crítico.
A Gomide&Co tem o prazer de apresentar a primeira individual de Megumi Yuasa (São Paulo, 1938) na galeria, que inaugura no dia 22 de agosto, às 18h. A exposição tem projeto concebido pela parceria entre o artista Alexandre da Cunha, a arquiteta Jaqueline Lessa (entre terras) e a pesquisadora Rachel Hoshino, que também assina o texto crítico. Sem expor individualmente desde 1998, o artista realiza na Gomide&Co uma mostra que combina obras realizadas desde o fim da década de 1970 até algumas inéditas realizadas em 2024.
Megumi constrói ao longo de sua produção artística uma linguagem própria, dando forma a esculturas que combinam elementos variados, como argila, metais, limalhas e óxidos. Um mestre em seu meio, o artista enfatiza a comunhão dos ceramistas com a terra, defendendo que tudo o que está ao redor de uma obra faz parte dela e vai acompanhá-la ao infinito. É justamente essa relação dialógica, sempre imbuída pelo discurso filosófico e político do artista, que estrutura boa parte de seus trabalhos.
Suas paisagens imaginadas, entre árvores, nuvens, sementes e os chamados espássaros, irão agora compor o espaço expositivo da galeria, ganhando formas familiares e ao mesmo tempo improváveis, constituídas a partir de uma expografia singular que apresenta suas obras sem hierarquias. Tendo realizado suas primeiras exposições ainda no fim da década de 1960, o artista chega para a ocasião somando mais de meio século de trajetória como um nome fundamental da escultura no Brasil. Diante de seu repertório visual, é possível também perceber a amplitude de sua poética, que atravessa linguagens e constitui seu discurso interdisciplinar.
Serviço
Exposição | Megumi Yuasa
De 22 de agosto a 01 de novembro
Segunda a Sexta das 10h às 19h, sábado de 11 às 17h
Período
22 de agosto de 2024 10:00 - 1 de novembro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Gomide & Co
Avenida Paulista, 2644 01310-300 - São Paulo - SP
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Aline Bispo, artista que vem desenvolvendo uma pesquisa acerca do sagrado como expressão artística afro-brasileira, abre a individual “Somatória de Forças” na Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda. A mostra
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Aline Bispo, artista que vem desenvolvendo uma pesquisa acerca do sagrado como expressão artística afro-brasileira, abre a individual “Somatória de Forças” na Luis Maluf Galeria, unidade Barra Funda. A mostra apresenta trabalhos inéditos e outros produzidos nos últimos cinco anos, muitos dos quais a partir do contato com festas temáticas do calendário afro-brasileiro, como Bará do Mercado, Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, 02 de fevereiro, Nossa Senhora Aparecida, Feira de Baiano e outras. A mostra tem curadoria de Alexandre Araujo Bispo e segue em cartaz até 2 de outubro.
Aline e Alexandre, paulistanos de ascendência baiana, compartilham mesmo sobrenome, mas não tem parentesco direto. Em comum compartilham o interesse nas forças sincréticas do sagrado afro-brasileiro. Em “Somatória de Forças” afirma o curador: “Aline Bispo persegue um caminho no qual admite o valor do sincretismo na cultura brasileira, ciente que apesar de seus aspectos negativos, no sentido de, historicamente, conduzir à ocultação de práticas culturais de origens africanas, ele também gerou forças inéditas.”
Entre as obras expostas, merece destaque “Ogunté”, 2024 pintura em acrílica e folha de ouro sobre tela nas dimensões 123 x 82,5 x 5 cm. O título Ogunté se refere a uma qualidade do orixá Yemanjá que, segundo a mitologia iorubana está ligada a Ogum e à sua força guerreira. Assim, Iemanjá Ogunté representa proteção, coragem e determinação. Importante sublinhar que as cores azuis e vermelho presentes nesta tela são parte da paleta que se espalha por toda a mostra, somadas ao branco e preto.
Outro destaque da exposição é “Mães da boa morte” 2023, que combina tinta acrílica, folha de ouro e miçangas em uma tela de 80,5 x 121 x 5 cm. O título da obra é uma referência a Irmandade da Boa Morte, coletivo de mulheres negras que há mais de 200 anos realiza anualmente uma celebração na cidade de Cachoeira, Recôncavo baiano. Atualmente a irmandade é composta por cerca de 30 mulheres com idade média entre 50 e 70 anos que juntas clamam por uma boa morte. A festa da irmandade indica a complexidade que envolve o sincretismo religioso no Brasil, misto de resistência, negociação política e manutenção valores civilizatórios africanos. Considerada Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010, o rito é realizado sempre no mês de agosto quando é acompanhado de samba de roda e distribuição de comidas.
Serviço
Exposição | Somatória de Forças
De 24 de agosto a 02 de outubro
Segunda a sexta, das 10h ás 19h, sábado, das 11h ás 16h, fecha aos domingos e feriados
Período
24 de agosto de 2024 10:00 - 2 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Usina Luis Maluf
Rua Brigadeiro Galvão, 996 Barra Funda, São Paulo - SP
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Entre os dias 24 de agosto e 05 de outubro, a Simões de Assis – que completa 40 anos em 2024 – apresentará, em seu espaço na capital paulista, uma individual inédita que
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Entre os dias 24 de agosto e 05 de outubro, a Simões de Assis – que completa 40 anos em 2024 – apresentará, em seu espaço na capital paulista, uma individual inédita que celebra o centenário de Carlos Cruz-Diez (1923-2019), marcado neste último ano. Considerado um dos principais precursores da arte contemporânea, principalmente da arte cinética, Cruz-Diez realizou sua pesquisa junto ao movimento cinético desde as décadas de 50 e 60, estudando a relação entre a cor, as formas geométricas e o observador no espaço – que criam ilusões de ótica e movimento em pinturas, fotografias, esculturas e instalações.
Com texto de Mariane Beline, a exposição reúne trabalhos do artista, focados na série Physiocromias, com destaque para a obra Laberinto de Transcromía (1965 – 2017), uma instalação em grande porte com estruturas coloridas e translúcidas presas ao teto, que formam novas cores e efeitos conforme o visitante caminha entre elas.
Nascido em Caracas, na Venezuela, Cruz-Diez começou a se interessar pela cor ainda na infância, ao admirar o jogo de luz e cores das garrafas que seu pai produzia artesanalmente. Iniciou seus estudos na Escuela de Bellas Artes de Caracas, na década de 1940, onde se formou professor. Também atuou como ilustrador de publicações e diretor artístico de publicidade, mas foi na década de 50 que Cruz-Diez começou suas experimentações com a cor, o movimento e a luz.
Em 1955, com 32 anos, viajou pela primeira vez para Paris e reencontrou Jesús Rafael Soto (1923 – 2005), além de ter visitado a mostra Le Mouvement – histórica exposição de um grupo de artistas que consagrou a expressão da arte cinética mundialmente. Dali em diante, Carlos Cruz-Diez produziu incessantemente até seu falecimento, em 2019, na Cidade Luz.
Carlos Cruz-Diez foi um dos expoentes da arte cinética, mas seu trabalho foi além desse movimento. Ele tinha como centro de sua pesquisa o comportamento da cor ao lado da percepção visual do espectador e da linha como elemento essencial de composição. Em suas pinturas, o artista dizia que era a cor que estruturava o espaço – o que ele denominou posteriormente de cromoestruturas. Passou a materializar suas investigações e classificá-las de acordo com o tipo de fenômeno, dando origem à oito séries, dentre elas Physiocromias, cujos desdobramentos poderão ser vistos na primeira individual do artista na Simões de Assis.
Serviço
Exposição | Individual de Carlos Cruz-Diez
De 24 de agosto e 05 de outubro
Segunda a sexta, das 10h às 19h, sábados, das 10h às 15h
Período
24 de agosto de 2024 10:00 - 5 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Simões de Assis (Lorena)
Alameda Lorena, nº 2050 - Jardim Paulista
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Dos desenhos em nanquim realizados em meados dos anos 1960, formas e corpos empilhados — aquelas a sugerirem blocos apoiados uns nos outros, possíveis visões sombrias e enigmáticas de muros,
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Dos desenhos em nanquim realizados em meados dos anos 1960, formas e corpos empilhados — aquelas a sugerirem blocos apoiados uns nos outros, possíveis visões sombrias e enigmáticas de muros, edifícios, cidades imaginárias, sabe-se lá o que sejam; estas, cabeças, troncos, sexos, todos desconjuntados —, a obra de Tuneu, como é comum acontecer, conheceu muitas variações. Nascido e criado em São Paulo, viciado em visitas a museus, a galerias e às sucessivas edições da Bienal de São Paulo, primeiramente como visitante e, a partir de 1967, na famosa Bienal Pop, como participante — de passagem, o mais jovem participante, ao menos até então —, era natural que fosse sensível à produção de seus colegas, daqui e de fora, a começar pela da sua mentora Tarsila do Amaral (sim, ela mesma, acompanhou-o dos 10 até seus 25 anos); que sentisse o impacto dos desenhos de Wesley Duke Lee; que acompanhasse deslumbrado a desembalagem das 39 pinturas da sala Edward Hopper, na mesma Bienal de 1967, onde viu Robert Rauschenberg pendurando sua imensa Barge, pintura de 980 cm de largura, a maior de toda sua série de 79 pinturas silk screen.
A indicação dessas quatro referências não é gratuita. Todos esses são artistas figurativos, enquanto Tuneu terminaria pendendo para a abstração, mais precisamente para a abstração geométrica. Mas que não se confunda com o Concretismo. Para começar, uma de suas afinidades estético-afetivas era Willys de Castro, que, como seu companheiro Hércules Barsotti, juntou-se aos neoconcretos cariocas. Tuneu divertia-se com Willys zombando do dogmatismo de Waldemar Cordeiro, o líder dos concretistas, para quem o marrom não era cor. O problema é que Tuneu, ademais do apuro formal, desde sempre cultuou a cor, jamais separando uma dimensão da outra.
A variação da obra de Tuneu não foi tanto pela anexação de territórios de linguagens exteriores a ela, mas pela exploração sistemática, diligente, meditativa dos elementos constitutivos da pintura, de formas geométricas aplicadas a ela, incluindo desde o campo quadrangular delimitado pela moldura, a própria moldura, às quatro linhas que perfazem os limites da folha de papel, do cartão, ou do tecido da tela; considere-se também as superfícies desses suportes, sobre os quais ele pinta, risca, corta, como as séries formadas por cortes, dobras e sobreposições de planos. E cores, claro, muitas cores, variações e contrastes tonais próprios de sua condição de ouvinte musical cultivado, daqueles que reconhecem ritmos compostos complexos e os matizes de certos glissandos.
Para essa exposição, composta por um conjunto de papéis e pinturas, Tuneu mantém o hexágono como protagonista. Como responder a isso? Talvez porque os favos das abelhas sejam pequenos hexágonos confinados com a pureza, com a doçura e sua condição de alimento vital; talvez porque o mundo tenha sido feito em seis dias; talvez porque o hexágono seja a soma e produto dos três primeiros números, o um, o dois e o três, o que o caracteriza como o primeiro dos números perfeitos; talvez porque uma infinidade de estruturas cristalinas, de um floco de neve ao átomo de carbono, sejam hexagonais; talvez porque a escala pentatônica, como queria Pitágoras, tenha seis intervalos iguais. Talvez, enfim, para encontramos um sentido de ordem e pureza numa vida carente de sentido, num mundo permanentemente em crise.
Sim, talvez tudo isso seja uma boa coincidência, o que pessoalmente duvido, e convido o leitor a ser prudente, pois não sei se ele está advertido do que podem, consciente ou inconscientemente, os artistas. Seja como for, olhe para cada um desses trabalhos e note que todos eles – formas abertas, expandidas, desdobradas, pontiagudas, que sejam – contêm, no seu interior, um hexágono perfeito. Por vezes, como que atendendo a sua natureza versátil, eles se esparramam, correm para os lados, para o alto, como pétalas geométricas de um lírio, que se vão abrindo em movimentos alternados e em posições desiguais, mas precisos como se dotados de dobradiças. E é frequente que, ao mesmo tempo em que isso acontece, uma das seis linhas laterais de um desses hexágonos resolva afirmar sua condição simultânea de aresta de um quadrado que se projeta para dentro dele, numa dinâmica que se repete e prolifera em triângulos, trapézios, cheios ou vazados, ocupados por uma ou duas cores, ou reduzidos às linhas de contorno, em alguns casos uma fenda retilínea de luz. Note como as cores se correspondem, vibram consoante se aproximam, quando acontece de serem contrastantes, dissolvem-se umas nas outras, quando vizinhas ou quando são sobrepostas, em velaturas mais ou menos discretas, com uma cor habitando um plano submerso à cor flutuando na superfície.
Trabalhando com o hexágono, essa forma perfeita, Tuneu examina-o com o apuro aparentado ao de Newton submetendo um prisma à luz, descobrindo que o simples sólido de secção triangular de vidro, com suas faces planas, polidas, e seu corpo transparente, tem o poder de transformar um feixe de luz branca na projeção de uma mancha com as cores do arco-íris.
Agnaldo Farias
Serviço
Exposição | OUTROPLANO
De 24 de agosto a 19 de outubro
Segunda a sexta, das 11h às 19h | sábado, das 11h às 15h
Período
24 de agosto de 2024 11:00 - 19 de outubro de 2024 19:00(GMT-03:00)
Local
Galeria Raquel Arnaud
Rua Fidalga, 125 – Vila Madalena, São Paulo - SP
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A galeria Verve abre ao público a mostra “Acará: delicadeza insurgente”, com texto curatorial da pesquisadora Ana Paula Rocha. Acará – do quicongo: kala, carvão ardente, brasa – dá nome ao
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A galeria Verve abre ao público a mostra “Acará: delicadeza insurgente”, com texto curatorial da pesquisadora Ana Paula Rocha. Acará – do quicongo: kala, carvão ardente, brasa – dá nome ao rito em que um naco de algodão, encharcado em óleo de dendê, é acendido em fogo para que seja engolido por pessoas em transe. A palavra também designa em terreiros preparações com feijão-fradinho, dentre eles o acarajé (“comer bola de fogo”), vinculados às tradições alimentares e de afeto transmitidas pelas mães pretas.
Ao mesmo tempo, Acará, do Tupi-guarani, nomeia diversas espécies de peixe – acará-bandeira, acará do Congo, acará-cascudo – e por vezes recebe, no dialeto popular, o sentido de “peixe que morde”. Ao representar as principais ritualísticas de diversos povos indígenas, o peixe se relaciona com aspectos de vigor e cuidado, próprios ao ato da pesca, do cozimento e do preparo. “ACARÁ: delicadeza insurgente” investiga essa coexistência entre força e sensibilidade. Com o objetivo de subverter estereótipos associados a grupos não-brancos tidos ora como violentos, ora passivos, na historiografia nacional e seus arquivos institucionais, a mostra evidencia o modo como os artistas, individual ou coletivamente, apresentam propostas políticas insurgentes, alinhadas à forte rigor e delicadeza estéticos.
Organizada pela Verve, a exposição é fruto de uma colaboração entre as galerias Gomide & Co., Simões de Assis, Mendes Wood DM, Vermelho, Almeida e Dale, Millan e Portas Vilaseca Galeria, e reúne o trabalho dos artistas Ana Beatriz Almeida, Ayrson Heraclito, Eustáquio Neves, Emanoel Araujo, Jaider Esbell, Lita Cerqueira, Maria Auxiliadora, Maria Lira Marques, Moisés Patrício, Nádia Taquary, Paulo Nazareth, Sidney Amaral e Shai Andrade.
A exposição é inaugurada em diálogo com a mostra ‘Posesión’, individual do artista cubano Carlos Martiel com abertura no mesmo dia, evidenciando o duplo engajamento dos artistas reunidos, que criam propostas políticas tão insurgentes quanto carregadas de forte rigor e delicadeza estéticos. “A mostra é um convite à reflexão e consciência crítica dos impactos socioculturais das violências de classe-raça, sem jamais abrir mão de uma perspectiva propositiva de liberdade e de deslumbramento incendiário do mundo”, como define Ana Paula Rocha em seu ensaio crítico para a exposição.
Serviço
Exposição | Acará: delicadeza insurgente
De 24 de agosto a 24 de outubro
Terça a sexta-feira, das 11h às 18h, sábado, das 12h às 17h
Período
24 de agosto de 2024 11:00 - 24 de outubro de 2024 18:00(GMT-03:00)
Local
Verve Galeria
Avenida São Luis, 192, Sobreloja 06, República, São Paulo - SP